Bula: Do Fim ao Recomeço

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Quantas vezes na história do rock vimos uma banda acabar porque perdeu seu vocalista? São diversos os casos, no Brasil ou no mundo afora. Porém, há de se lembrar – e de valorizar – que uma banda não é composta apenas por um cantor, seja qual for sua importância. A vida e o show não podem parar.

Este é o pensamento que motivou o surgimento da banda Bula. O trio formado por Marcão Britto (vocal e guitarra), Lena Papini (baixo) e Pinguim (bateria) nasceu do comum desejo de continuar produzindo e vivendo de música. Marcão, ex-Charlie Brown Jr., viu a banda a qual cresceu junto por duas décadas perder Chorão. Depois, já ao lado de Lena, viu o projeto A Banca ser interrompido com a perda de Champignon. Foi, então, que resolveram começar de novo. Após a gravação, Pinguim, que também tocou com Charlie Brown por um período, foi recrutado para a bateria.

O primeiro registro da banda, Não Estamos Sozinhos, lançado no final de 2014, traz o rock visto em Charlie Brown Jr., com guitarras furiosas, vocal melódico e letras que falam do que envolve a vida como um todo: morte, amor, mudanças, cotidiano, esperança etc.

Mas, o que mais chama a atenção com Bula é a transição de Marcão da guitarra para os vocais. Considerado um dos melhores guitarristas do rock dos anos 90, ele não largou o instrumento ou seu estilo de tocar, mas se adapta para, agora, poder cantar. “Está sendo uma experiência muito positiva, natural e surpreendente. Traz uma coisa nova para mim muito interessante, considerando que sempre fui um guitarrista. Estar na linha de frente e falar de coisas que fazem parte da minha visão de mundo me aproxima mais das pessoas”, disse ele ao Música Pavê.

Ele ainda fala sobre seu processo de composição. As músicas e as letras, principalmente, estão sendo feitas há alguns anos: “Sempre escrevi algumas coisas, mas de cinco anos para cá é que peguei gosto pela coisa e comecei a pensar sério em ser letrista. Não existe uma fórmula, vou guardando meus rascunhos geralmente em papéis de nota fiscal, guardanapo, ticket de bilhete aéreo, enfim… junto tudo e vou tentando desenvolver”, revela Marcão.

A banda, mesmo sem ainda ter feito um show ao vivo, foi bem recebida pelo público. Uma boa parcela dos fãs, não se pode negar, veio dos tempos de Charlie Brown Jr. O que é normal, já que toda a história dos integrantes está relacionada e escrita, de alguma maneira, com uma das mais importantes bandas dos anos 90. Marcão, entretanto, não está montando um novo Charlie Brown Jr., embora tenha feito questão de gravar duas músicas relacionadas com os velhos amigos.

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“São verdadeiras relíquias que fiz questão de dividir com os fãs. O Champignon gravou o baixo de Duas Caras (música que abre o disco) e de Ela Nasceu pra Mim, que tem a letra do Chorão. Quis fazer esta homenagem em respeito à memória deles, mas sem a intenção de recriar alguma coisa do passado e, sim, em mostrar que continuamos fazendo com o mesmo amor de 20 anos atrás”, disse.

A primeira vez da banda nos palcos será no dia 05 de fevereiro, em São Paulo, e a expectativa do trio é grande para mostrar o álbum ao vivo, que, como dizem, está cheio de melodia, volume e barulho. Show este, por sinal, que chegará a 4ª edição do festival Lollapalooza Brasil, que será realizado em Março, no Autódromo de Interlagos. Para Marcão é um grande privilégio e uma grande responsabilidade. “Ficamos surpresos e muito felizes com o convite, pois foi tudo muito rápido e fruto do nosso trabalho. É uma excelente oportunidade para tocar para um grande público. Quero que isso fique como exemplo de que vale a pena acreditar sempre”, finaliza.

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