Brasil: Um Novo Compasso de Tempo para o Rock

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Muito se fala de uma nova cena de rock no Brasil. Uma amostra deste potencial aconteceu no último fim de semana, em São Paulo, mais especificamente no Teatro Mars. Medulla, Scalene e Supercombo – três dessas bandas que formam o novo cenário – lotaram o lugar com capacidade para 1.200 pessoas. Com o sold out do sábado, a data extra no domingo também teve casa cheia.

A celebração principal era o lançamento do álbum Éter, do quarteto de Brasília Scalene. Contudo, a festa foi ainda maior do que se poderia imaginar. Bandas e público dividiam a empolgação por estarem ali. “É algo histórico para nós, porque a casa é realmente grande. É um momento muito bom”, disse Léo Ramos, vocalista do Supercombo, antes de subir ao palco.

O sentimento de felicidade das bandas vem acompanhado de uma percepção aguçada do atual período. Todos ali sabem o que estão fazendo e possuem objetivos bem definidos. Um dos vocalistas do grupo Medulla, Raony Andrade, aponta o amadurecimento do mercado em geral como o principal motivo para o cenário: “O mercado não é feito só de artistas, você vê um amadurecimento em todos os âmbitos: imprensa, produção audiovisual, novos festivais que estão aparecendo e etc. É uma questão de geração. São bandas que estão há bastante tempo trabalhando e esse tempo foi necessário para todo mundo amadurecer, tanto na parte sonora quanto no business. Vir à tona é uma questão de paciência e de persistência”.

Outro ponto a se destacar é a união das bandas. Algo que surgiu naturalmente tem, agora, um fator positivo na divulgação. “A identificação musical faz com que a gente se entenda bem. E é curioso que aconteceu com um grupo de Natal, outro do Rio, de Brasília e de São Paulo. As bandas souberam aproveitar isso e estão confortáveis com este papel”, ressalta o guitarrista Tomás Bertoni (Scalene).

Por esse motivo, é comum ver um integrante do Supercombo divulgando o show de Far From Alaska, por exemplo, ou alguém do Scalene indicando uma música do Medulla, e vice-versa. “Se fortalecermos uma cena que está sendo massacrada por outros ritmos que possuem maior visibilidade, vamos conseguir abrir espaços como este do Teatro Mars. Esse intercâmbio faz com que a cena cresça novamente”, disse o tecladista Paulo Vaz (Supercombo).

Existem outros fatores que impulsionam a visibilidade do rock, como a volta da 89 FM, em São Paulo, e da Rádio Cidade, no Rio de Janeiro, o espaço aberto recentemente em programas de televisão, a acessibilidade na Internet e, principalmente, os coletivos e grupos de bandas em diferentes estados do Brasil que vem realizando um trabalho independente.

Portanto, o crescimento do público não é à toa e, sim, fruto de um trabalho de qualidade que está sendo desenvolvido em diversas frentes. Fruto esse que gera interesse para que as pessoas procurem, ouçam e prestigiem mais shows de bandas de rock.

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Scalene

Éter é resultado de um trabalho muito bem feito pelo Scalene. O show de lançamento do álbum em São Paulo contou com a apresentação de novas faixas ao vivo e que mantêm a dinâmica característica da banda.

O caminho adotado nas doze músicas de Éter soa natural para Scalene: “Depois que o Real/Surreal foi lançado, nós já tínhamos um caminho muito claro para onde iríamos evoluir e melhorar como banda”, lembrou Tomás.

O segundo disco também serviu para confirmar a qualidade do grupo. As críticas positivas do álbum anterior geravam uma expectativa muito grande em público e crítica para saber se Scalene manteria o nível apresentando no primeiro momento. Manteve-se. “Estamos chegando em um nível no qual já provamos que somos uma banda boa, que sabe compor e fazer shows. Podemos nos orgulhar do que já fizemos”, completou o guitarrista.

Medulla

Mesmo sem parar com os shows, o foco do grupo é o próximo álbum, que está em processo de pré-produção e deve ser gravado nos próximos meses. Após anos lançando compactos com duas, três ou quatro músicas, a banda está empolgada por poder trabalhar, novamente, em um disco cheio de inéditas.

A promessa é de um álbum livre e espontâneo. “A gente entendeu que o público é o nosso objetivo. Nossa música é para quem está conectado conosco. Esse é o foco do trabalho que estamos fazendo, por isso que nas composições sempre vamos falar sobre o que vivemos e observamos”, disse Raony.

“O que vale é entender o dia a dia. Quando entendemos isso, é aí que tudo acontece. Isso é o mais legal da música hoje”, completou Keops Andrade. A banda apresentou a inédita Travesseiro Azul no show de sábado, no Teatro Mars.

Supercombo

Um novo álbum da banda não sairá neste ano, mas isso não significa que Supercombo está parada. O quinteto continua colhendo o resultado de Amianto, lançado em 2014.

“Com o Amianto, conseguimos, de uma maneira mais próxima ao público, trazer uma sonoridade que é característica ao Supercombo, de arranjos mais complicados. Principalmente com as letras que chegarem mais certas às pessoas que não tinham acesso à banda”, explicou Paulo Vaz.

Léo Ramos destaca o trabalho árduo de divulgação, mídias sociais e shows que a banda vem fazendo com o disco: “Estamos interagindo mais com a galera, lançando material com mais conteúdo audiovisual e para as redes. A gente continua fazendo esse trabalho na Internet”.

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