Boogarins quer trabalhar “de forma sincera, como a gente gosta”

O ano é 2019 e ainda tem quem, seis anos depois, ainda sente necessidade de apontar Boogarins como uma banda de sucesso no exterior. Brasil, né, gente? Para quem está mais dentro da produção musical no país, o quarteto goiano é digno de atenção em primeiro lugar pelo som que faz, tanto ao vivo quanto nos discos – e o recente Sombrou Dúvida é grande prova disso.

Sobre o brasileiro ainda medir o grupo através dessa ótica, o vocalista Dinho Almeida disse ao Música Pavê que “é o que mais rola”: “Às vezes eu pego um Uber com guitarra, os caras me perguntam se eu toco música, eu falo que tô numa banda de rock e os caras viram a cara. Aí eu vou contando a história da banda, conto que a gente já viajou pra fora e eles acham bom demais, querem ouvir”.

Enquanto não chega o dia em que esses episódios sejam cada vez mais raros, Boogarins aproveita. “Parece um trem meio paia, mas é bom”, comenta ele, “acho que hoje em dia a gente pode convencer alguém que não ouviria a banda explicando a nossa trajetória. Eu faço isso (risos), quando entro no Uber, eu falo pro cara ouvir minha banda porque ela é top e viaja o mundo inteiro (risos)”.

“Tô falando brincando, eu queria que as pessoas ouvissem porque gostam só da música, mas às vezes precisa ter uma história por trás para introduzir essa pessoa na música. E se isso for falar pra pessoa que a banda viajou pra tudo quanto é lado, e a pessoa realmente sentir alguma coisa na música depois, usar isso pra baixar a defesa dela pra depois ser capturada pela música, acho que não tem problema não. É tipo vencer por mostrar o valor que tem pros outros”.

Dinho mesmo aponta que esse fenômeno de valorizar o grupo pela carreira fora do país é diferente hoje do que era na época que saiu As Plantas que Curam (2013), “que era só um disco lançado fora e a molecada descoladinha daqui ouvindo porque estava no catálogo da Fat Possum”. O reconhecimento de seu trabalho, tenha ele começado por esse viés, digamos, internacionalizado ou não, tem sido cada vez maior, a ponto de Boogarins se tornar um dos nomes mais relevantes de sua geração no país.

Sobre isso, o baixista Raphael Vaz diz ficar “lisonjeado” e brinca: “Eu diria que isso é completamente justo mesmo”. De dentro da banda, ele comenta que esse título hoje está diretamente ligado ao processo iniciado no primeiro disco: “Tava claro ali que aquilo ia virar uma bandona, que ia ter uma carreira sólida. Os meninos estavam experimentando com porcariada, mas as ideias que estavam dentro estavam saindo materializadas em uma estética primeiro convincente pra quem estava fazendo, pra depois convencer qualquer ouvinte”.

“É bom ouvir isso, é bom conversar com outras bandas mais novas que têm a gente como referência”, conta Dinho, “mas não pode se iludir com isso aí não, tem que continuar trabalhando de forma sincera, do jeito que a gente gosta. Acho que é muito fácil achar que a missão acabou, e é muito massa ter o tanto de coisa que a gente já gravou e ainda estar junto querendo fazer muito mais”.

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