Bon Iver, Cinco Anos Depois

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A essa altura, é bem provável que você já esteja sabendo que Bon Iver anunciou na sexta passada (13) o lançamento de seu terceiro álbum, 22, A Million, e talvez já tenha ouvido as duas músicas que saíram. No momento em que a semana começa e, com ela, as mais diversas respostas às faixas surgirem, podemos catalogar os comentários em alguns grandes grupos – os saudosos do som dito “folk” do primeiro disco e aqueles que gostaram das novidades mais eletrônicas, ou mesmo os que estão muito surpresos com a nova direção e os que entenderam (não necessariamente “aceitaram”) o momento em que Justin Vernon se encontra hoje. Admito que pertenço ao último grupo.

Já se passaram cinco anos desde que Bon Iver, o disco, chegou ao mundo e trouxe títulos como Holocene, uma clara mudança de sonoridade em relação a For Emma, Forever Ago (2007), baseado no voz e violão. O segundo álbum trazia arranjos muito mais complexos, com muito mais timbres e uma atmosfera um tanto onírica que se diferenciava bastante do clima cru do disco de estreia. Ali, Vernon já deixava claro que ele não era um artista de gênero ou estilo, mas um músico aberto a trabalhar as sonoridades que se propõe.

Com isso, a inatividade criativa do nome Bon Iver nesse último meio de década não condiz com uma certa onipresença de Vernon na música que mais ouvimos nesse período, tendo colaborado desde Kanye West e The Flaming Lips até  The Staves, rumando às recentes parcerias com James Blake e Francis and the Lights – isso sem contar seus outros projetos, como Volcano Choir e The Shouting Matches. Por isso, classificar o músico como “folk” e esperar um novo For Emma… dele a cada lançamento só pode ser uma atitude um tanto míope ou mesmo preguiçosa – como classificações assim costumam mesmo ser.

Estar atento aos passos que ele deu nos últimos anos diminui a surpresa ao ouvirmos 22 (OVER S∞∞N) e 10 d E A T h b R E a s T ⊠ ⊠, as duas músicas que saíram no fim de semana – no mesmo dia em que ele apresentou todo o novo disco ao vivo, no festival Eaux Claires (curado por Vernon e Aaron Dessner, The National)(veja vídeo da performance abaixo em gravação amadora). Há todo um inegável aspecto eletrônico que aproxima Bon Iver muito mais do amigo Blake, por exemplo, sem deixar – até onde vejo – sua identidade de lado, até porque a mudança do primeiro CD para o segundo já denotava sua natureza mutante.

Cinco anos depois, ainda temos Bon Iver, mesmo quando as diferenças parecem falar mais alto. Comprovaremos isso de vez em 30 de setembro, quando 22, A Million for lançado.

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