Bom Clipe – Como Identificar Um?

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Com o Música Pavê chegando em seu quarto aniversário, sinto que já passou da hora de contarmos sobre como nós fazemos nossas avaliações de clipes, quais são os critérios que formam nossos argumentos e notas. Digo isso não só para o leitor aproveitar melhor o conteúdo do site, mas porque existe muito pouco ou nenhum material que defina o que faz um clipe ser bom ou ruim.

O site começou um ano após eu terminar e apresentar minha dissertação final da pós-graduação, justamente sobre videoclipes. Foi a hora que pude colocar as ideias em prática e perceber (principalmente depois de tantas conversas nesses quatro anos com gente que produz, dirige e edita vídeos de música) que elas estão (em maior ou menor grau, dependendo da situação) de acordo com a mentalidade tanto dos artistas, quanto do mercado.

É preciso dizer que esses conceitos foram pensados como uma maneira de avaliar da mesma forma um videoclipe com uma produção milionária de uma banda reconhecidíssima e uma gravação feita com praticamente nenhum recurso de algum desconhecido, e é por isso que esses dois exemplos, e qualquer outro nível no meio deles, podem conviver lado a lado no site – uma pluralidade que é muito importante pra nós.

Bom, agora que você já conhece um pouco do que está por trás dos critérios, fica mais fácil explicar como e por que eles são usados.

Um bom videoclipe…

##É Original

Os melhores clipes não te deixam a sensação de “Eu já vi isso antes”. Banda tocando em um estúdio? Pôr do sol? Rappers em uma limousine com garotas e bebidas? Historinha de casal com briguinha, saudades e final feliz?

É difícil sim ter ideias muito inéditas e as bandas com intenções e demandas mais comerciais se veem obrigadas a recriarem padrões, mas dá muito mais gosto assistir a vídeos que te propõem algo novo.

##Tem Apuro Técnico

Não basta ter uma super ideia, tem que saber executá-la. Isso não tem nada a ver com a qualidade do equipamento, mas com a qualidade do trabalho daqueles envolvidos na produção, seja ela lo-fi ou hi-tec.

Não adianta ter uma câmera X se a direção não souber explorar uma narrativa, não adianta uma fotografia de encher os olhos se a montagem não tem ritmo e mesmo o melhor dos roteiros pode ser estragado com atuações ruins.

##Tem Identidade

Isso pode ter sim a ver com originalidade, mas vai além. Talvez você veja aquele clipe só uma vez na vida, então ele tem que te marcar de alguma forma pra caber na sua memória, de uma maneira que você saiba descrevê-lo rapidamente.

É um cenário diferente, um recurso de edição inédito, uma coreografia que chama a atenção ou uma proposta louca e bem executada. Isso nos leva ao próximo argumento…

##Te Dá Vontade de Vê-lo De Novo

Clipes não são feitos para serem vistos uma vez só e os melhores deles sabem seduzir o espectador para o replay com alguma coisa que não ficou clara e precisa de uma nova olhada, ou apenas algo que te entretenha o suficiente pra você querer voltar nele.

Em um primeiro lugar, na verdade, ele precisa segurar sua atenção o suficiente para vê-lo até o fim. Você bocejou ou foi ver quanto tempo ainda falta pra acabar? Mal sinal.

##Tem a Ver com a Música

Não estamos falando de uma música sobre um casal que se conhece na estação de trem em um dia de chuva e o vídeo precisar retratar literalmente a situação (existe a possibilidade, mas não há necessidade). Mas, se a música é dançante, melancólica, raivosa ou relaxante, o clipe precisa seguir esse espírito.

Uma música feita para as pistas de dança pode ter um clipe em um deserto ao meio dia, assim como uma música cheia de fúria pode ter tons frios e pastéis, desde que tudo se encaixe na proposta da música.

Esses parâmetros são bem gerais pra termos flexibilidade na hora de avaliar materiais tão diferentes entre si. E devem existir exceções para essas regras, mas, em quatro anos de site, ainda não encontramos nenhuma.

Espero que essas ideias te ajudem a aproveitar melhor os videoclipes daqui pra frente, independente de qual lado da câmera ou da tela você esteja.

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Sobre o site

Feito para quem não se contenta apenas em ouvir a música, mas quer também vê-la, aqui você vai encontrar análises sem preconceitos e com olhar crítico sobre o relacionamento das artes visuais com o mercado fonográfico. Aprenda, informe-se e, principalmente, divirta-se – é pra isso que o Música Pavê existe.