Blubell Não Canta The Beatles, Ela Reza

“Gosto muito de contar histórias. Quem entendeu isso entendeu o meu trabalho” contou Blubell ao Música Pavê por telefone entre os ensaios da apresentação que faz nesta sexta, 12, na versão online do Cultura Inglesa Festival. Na ocasião, a cantora de São Paulo tem o prazer de interpretar canções do icônico White Album ou “álbum branco” mesmo, como é conhecida a obra de 1968 cujo nome oficial é The Beatles.

Não é a primeira vez que a cantora e compositora interpreta este disco, já tendo feito alguns shows antes da pandemia, acompanhada do trio com quem fez o disco Confissões no Camarim, de 2016. No Cultura Inglesa Festival, o show vem em formato duo. “Resolvi chamar um grande amigo e pianista, Pedro Pelotas (Cachorro Grande), um dos meus amigos mais beatlemaníacos, e eu sabia que ele iria se lambuzar como eu me lambuzo sempre cantando Beatles”, comenta ela.

“Tive essa iniciativa porque o disco, para mim, tem um significado gigantesco”, explica Blubell, “porque penso no álbum branco e me lembro do meu quarto da minha adolescência, onde eu ouvia [a obra] numa fita dupla em um walkman”. Ela conta que foi se um portal tivesse sido aberto com essa audição: “Até então, eu só tinha ouvido a parte mais ‘careta’ dos bBeatles. O Sgt. Peppers também, mas o álbum branco mexeu comigo de um jeito que foi determinante. Foi o que me despertou meu lado roqueira”.

“O quarto de adolescente é um grande arquétipo da minha parte criativa, do meu eu criativo. É onde apareceu aquela primeira centelha do que a gente quer fazer na vida, do nosso tesão na vida. Nesse sentido, o álbum branco remete ao meu quarto de adolescente. Quando eu tô cantando essas musicas, eu tô rezando”.

Sobre o show no Cultura Inglesa Festival, Blubell comenta que ele traz mais novidades além do formato com Pedro. “No repertório, tem coisas que funcionam no trio e que nao funcionam tão bem em duo”, comenta ela, “a gente trocou algumas coisas e incluiu outras, como Dear Prudence e Martha my Dear. Ficou um show um pouquinho mais intimista mesmo. Eu até toco guitarra em algumas canções com ele, mas é mais light“.

Ela conta também que o exercício de pegar a obra de outra pessoa é um “deleite”. “Acho que o trabalho de intérprete me ajuda como compositora”, diz a artista, “para mim, é delicioso fazer essa alternância, me dá mais gás para tudo”. Inclusive, ela comenta que trabalhar neste disco tem lhe “abastecido” para produzir o seu próximo.

Para Blubell, que se considera uma contadora de histórias, cantar as composições dos outros é como receber um roteiro já pronto para produzir uma peça ou filme como quiser. Da mesma forma, estudar a obra de outros letristas faz com que ela entenda melhor sua produção. “Quando fui fazer um show de Bowie, aprendi que eu sou uma letrista muito econômica (risos)”, conta ela, “quando você tem que decorar uma letra gigantesca, compreende a grandeza literária de certos artistas. Quando Dylan ganhou o Nobel, eu falei ‘finalmente!’ (risos)”.

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