As “Minas” de Čao Laru

Čao Laru é mestra em nos fazer sorrir com sua música expansiva, emocional e rica em detalhes. Da mesma forma, o sorriso vem facilmente com o trocadilho que batiza seu mais recente disco, Minas, no qual a banda presta sua homenagem ao estado brasileiro que nos deu Clube da Esquina e, em paralelo, desenvolve canções feitas em parceria com artistas mineiras.

Esse movimento de criar laços e parcerias é natural para o grupo – criado na França, com membros de três nacionalidades diferentes -, que se autodenomina “adepto de uma criação coletiva radical”. Dessas colaborações, foi surgindo o repertório primoroso que formou o disco.

Terra Irmã, parceria com Ceumar, chegou ao mundo em primeira mão no Música Pavê em 2021. Agora, com a obra toda já lançada nas plataformas de streaming, Čao Laru retorna ao site nas palavras de três “minas” de Minas que colaboraram em Minas: Clara Castro, Gabriela Viegas e Luiza Brina, que nos contam como essas músicas nasceram.

Elas acompanharão Čao Laru no show de lançamento de Minas hoje, 22 de fevereiro, no Sesc Pompeia, em São Paulo, em uma noite garantida, como de costume, de boa música e muitos sorrisos. Você encontra ingressos e informações no Portal Sesc.

Clara Castro

“Sempre fui admiradora da Čao Laru e o convite para compor em parceria foi, no início, uma responsa que me causou frio na barriga. Mas a banda toda é muito disponível criativamente e isso tornou o processo muito fluido. Toda ideia que a gente coloca na roda volta complexa e temperada pela presença de cada um, somada à força linda do coletivo. 

Buscando um tema para uma primeira proposta, comecei a ouvir a discografia da banda e me encantei ainda mais pelas canções feitas na estrada, em movimento, que me fizeram viajar também. Daí surgiu a primeira frase de Pontes e Poemas: ‘Correr o mundo pra chegar ao fundo dessas dimensões de dentro’. Dessa ideia, que partiu de uma levada no violão, a música foi se desenrolando, atravessando fronteiras”. 

“A primeira proposta de Sou Passageira chegou pra mim já com um arranjo incrível instrumental e tinha um ar ancestral, que me sugeriu a letra: “Sou passageira nesse lugar, canto o que veio e o que virá, quem veio antes, quem vai chegar”, colocando a voz como lugar de passagem, vinda de outros tempos. 

Quando ouvi o álbum completo, com as composições de artistas que tanto admiro, fiquei emocionada por testemunhar o registro de uma cena autoral mineira com personalidade muito própria, o que foi potencializado com generosidade e maestria pela Čao Laru. 

Apresentar essas canções ao vivo, pisando pela primeira vez no palco do Sesc Pompeia, é sem dúvidas uma das minhas maiores realizações enquanto artista. A expectativa é tão grande quanto a alegria de fazer som com essa galera”.

Gabriela Viegas

“Desde a primeira vez que vi Čao Laru tocar, fiquei hipnotizada com a potência artística e política da banda. Desde então, tive a oportunidade de vê-los em ação em diferentes cenários e, independente do palco, no teatro ou na rua, sempre era um espetáculo inspirador de mesma potência. A presença e a força feminina, como instrumentistas, cantoras e performers, foi algo que reparei instantaneamente.

Na lei natural dos encontros que a estrada e a vida arquitetam, viemos a nos tornar amigos e parceiros musicais e no ano passado ganhei o presente de compor com a banda. Água de Cachoeira é uma composição musical minha com Nicole Belo, letra dela. Barlavento tem letra e música minha e da multi instrumentista e cantora Léa Duez. Ambas surgiram de uma sugestão musical e poética delas e sinto que são músicas que, ao mesmo tempo partem de um reflexão introspectiva, saúdam a força feminina da natureza e como essa força ressoa em nós mulheres, espelhando potência-expansão”.

“É minha estreia nesse teatro tão importante pra cena artística brasileira e também a primeira vez que subo ao palco ao lado desses que tanto admiro. Estou muito feliz e feliz que seja para tocar arranjos de composições que participei”.

Luiza Brina

“Eu compus Pitanga em parceria com Noubar, a partir de um convite dele. A gente estava no meio da pandemia, então fizemos tudo à distância. E eu fiquei muito feliz com esse convite dele, porque eu já admirava a Čao Laru, até como integrante do Graveola, acho que as bandas são irmãs. 

Noubar me enviou uma proposta com o início do trecho da canção, e a gente foi desenvolvendo juntos. Foi uma parceria muito gostosa de fazer, um bate-bola mesmo: eu mandava uma coisa, ele mandava um trecho, a gente ia conversando… e assim fizemos a música.

Depois, eles me chamaram para participar do disco [gravando a faixa que eles haviam criado juntos]. Gravei a voz no meu home studio. A Čao Laru fez um arranjo lindo, lindo pra música. Me sinto super feliz de fazer parte desse disco e de participar do show”.

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