As Cinco Músicas Brasileiras Mais Bonitas de 2012
Falar de beleza é injusto por si só, tanto quanto deixar centenas de canções de fora de uma seleção que nomeia cinco músicas brasileiras (e em português) lançadas durante 2012 como “as mais bonitas” do ano em questão. De qualquer forma, estabelecendo a injustiça de selecionar apenas cinco, fico mais livre para mostras a vocês algumas faixas que, por um motivo ou outro, me fizeram parar e pensar não só em seu significado ou sua mensagem, mas na própria obra. O que todas tem em comum é uma grande sinceridade ao tratar de temas muito humanos em diferentes níveis de relacionamentos: seja a pessoa com um local, com o próximo, com a pessoa amada ou consigo mesma. E são também todas bonitas, obviamente. Ouça por si só e relembre também quais foram as injustiças cometidas no ano passado com nossa lista As 5 Músicas Brasileiras Mais Bonitas de 2011.
##Onagra Claudique – Umwelt
Enquanto eu quebrava a cabeça nos últimos meses para decidir quais seriam as cinco músicas desta lista, um segundo conflito começou em minha mente: Qual das três músicas da Onagra Claudique entrariam na lista? Quanto mais eu analisava, mais as três empatavam. Quando eu estava quase convencido que era Papo Lampinho que entraria, Umwelt voltou a me fazer sorrir da mesma forma que me conquistou quando a ouvi pela primeira vez há tantos meses. Ela chega de mansinho, sem qualquer estardalhaço, para falar de interdependências emocionais, sobre não estar sozinho. Muita simplicidade para falar tão bem de algo tão complexo sem perder a beleza.
##Vivendo do Ócio – Nostalgia
Ver uma banda com aquele indie rock festeiro e cheio de energia em uma lista de “mais bonitas do ano” poderia ter estranhado qualquer um no ano passado, antes de O Pensamento É um Ímã ter saído em janeiro e nos mostrado que o quarteto sabe ser muito mais plural do que a maior parte de nós esperava. Nostalgia, composta em parceria com Pablo Dominguez, é carregada de “saudade da Bahia” e de harmonias com um pé no rock clássico e outro no reggae que a dão um jeitão de hit – e, de fato, foram poucas as músicas com teor pop lançadas em 2012 que vão permanecer além dele com seu refrão marcante pelos anos por vir quanto essa da Vivendo do Ócio e, além de tudo, essa talvez seja a única que fica mais bonita a cada audição.
##Apanhador Só – Paraquedas
“Imensos”. Essa palavra ficou na minha cabeça por dias e dias após a primeira vez que ouvi Paraquedas. Ela fala de um relacionamento em descompasso em que as rédeas são perdidas e cada um cresce para um lado, se tornando imensos. Poucas poesias foram tão sensíveis em 2012 quanto essa da Apanhador Só, com suas figuras de linguagem muito visuais (como a âncora boiando e o paraquedas que não abre) para expressar a inevitabilidade do fim quando o tamanho que os dois chegaram não for mais suportado. E a música passa bem essa sensação de queda livre, de não ter mais onde se segurar e ver o chão chegando cada vez mais perto. Linda.
##Jair Naves – A Meu Ver
“A felicidade só é real quando compartilhada”, concluiu Christopher McCandless (ou Alexander Supertramp, como ficou conhecido) pouco antes de morrer – e minha impressão é que a conclusão de E Você Se Sente numa Cela Escura, Planejando a Sua Fuga, Cavando o Chão com as Próprias Unhas, o álbum solo de Jair Naves, segue essa mesma linha de pensamento com A Meu Ver, sua penúltima faixa. “As pessoas vem e vão, hoje eu tenho essa convicção, mas a muito custo eu aprendi que não pode ser cada um por si”, diz o sincero refrão carregado da poderosa interpretação de Jair, que te abraça com seu violão desde o início até o belíssimo último verso: “Então me recebe como eu te receberia no melhor dos momentos ou no pior dos seus dias. Eu estou tão esgotado, tudo é frágil demais. Eu posso não estar aqui quando você olhar pra trás, então hoje me abraça como eu te abraçaria no pior dos seus dias”. Quem tem coração vai entender.
##Tulipa Ruiz – Víbora
Foi em agosto que anunciei por aqui que Víbora era a música do ano. A parceria de Tulipa Ruiz com Criolo é visceral, daquelas músicas que vem e chegam a incomodar com a mistura de uma letra muito bem escrita com uma interpretação primorosa. Acaba sendo uma daquelas experiências em que, mesmo se você não gostar de alguma coisa aqui, não tem como ouvir passivamente. Víbora é marcante, de uma presença que reverbera mesmo após o fim da música. É possível desfrutá-la de duas maneiras, seja a de se identificar com os versos (que narram um relacionamento “em cima do muro”, como Paraquedas da Apanhador Só, mas aqui já em outro tempo, com outra atitude) ou apenas admirar uma obra com aquele aspecto de música que marca época, que atravessará gerações não apenas como um indicador do que se fazia em 2012, mas com uma relevância permanente.
Juro, foi inadvertidamente, mas curti mto mais a lista nacional do que a internacional… Acho que meu subconsciente é nacionalista!
Amei as letras, poesia pura! Com destaque para Jair Neves: Então me recebe como eu te receberia no melhor dos momentos ou no pior dos seus dias.
E como não poderia deixar de ser, ficou sim “aquela sensação de “caramba, como eu nunca escutei isso antes?”… Ainda bem que no meio do caminho surgiu vc, Música Pavê. 😉
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