Anemone: “O Melhor da Psicodelia é sua Liberdade”

foto por maya fuhr

Os Mutantes, uma banda brasileira, é um dos nomes mais citados entre os músicos e pesquisadores que admiram o som psicodélico. Ao mesmo tempo, Tame Impala, da Austrália, é a banda mais influente de nossos dias. Ainda que um pouco distante do mainstream, há sim algo acontecendo que não está confinado a uma só cidade ou país, mas uma espécie de “cena global” com essa tendência. “Eu sinto sim que o som que fazemos é parte de algo maior, que acontece no mundo inteiro”, contou Chloé Soldevila, nome à frente da banda canadense Anemone, ao Música Pavê por telefone: “Tem a ver com uma liberdade existente na psicodelia, que não é bem um estilo, mas um jeito de olhar para sua música. Assim, ela combina bem com vários gêneros”.

Com um novo álbum para sair no próximo dia 15, Beat My Distance, o grupo de Montreal explora as nuances psicodélicas que tanto curtimos em arranjos bem trabalhados que amparam muito bem o vocal de Chloé. “O melhor da psicodelia é essa liberdade”, comenta ela, “você pode fazer o que quiser, pode experimentar e fazer algo bem louco, ou ficar dentro de um terreno pop rock e sempre fazer algo original”.

As nove faixas do disco – todas em inglês, embora o sotaque carregado da moça nos relembre que fala-se francês em Montreal – acrescentam as guitarras reverberadas e o volume sonoro da psicodelia a um indie pop gostosinho, como mostram os singles Daffodils, She’s the One e Sunshine (Back to the Start), além de Memory Lane, que ganhou clipe recentemente. É parecido com o que ouvimos no EP Baby Only You & I (2018), mas ainda mais mergulhado nesse referencial.

Anemone gira ao redor de Chloé, mas quatro outros músicos estão presentes no disco e nos shows. “Somos sim uma banda, mas as músicas são no geral compostas por mim”, diz a canadense, “é um trabalho coletivo no estúdio e nos palcos, não tem como dizer que Anemone não é um grupo. Afinal, a banda não se chama Chloé (risos)”.

É interessante notar como Beat My Distance traz uma faixa instrumental (Segue), além de uma grande seção sem letras em Endless Dive. “Essa foi a primeira música que compus”, revela Chloé, “eu ainda estava entendendo como e o que comunicar nas letras, deslumbrada com as possibilidades”. Ao ser questionada se essa liberdade toda, que ela tanto repete, é importante para seu processo criativo, a artista apenas ri e admite um “yes, sure“.

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