Ana Frango Elétrico com Amadurecimento Registrado
“As pessoas ficaram chocadas com o quanto eu evoluí (risos) elas não percebem que eu tenho 21 anos agora, e já estou há quatro anos fazendo essa pesquisa como Ana Frango Elétrico“.
Mas é mesmo difícil ouvir o recém-lançado Little Electric Chicken Heart e não se impressionar com a evolução da artista carioca, que apresentou há apenas um ano seu álbum de estreia, Mormaço Queima.
Falando ao Música Pavê por telefone, ela explica que o disco anterior tinha como proposta trabalhar suas composições feitas entre os 16 e 18 anos (“que eu sabia que, se não gravasse agora, não gravaria nunca mais”). Ou seja, quando elas chegaram ao mundo, Ana já tinha amadurecido como vocalista, como compositora e também como produtora.
“A gente lançou Mormaço em 2018, mas muito das vozes e da guitarra eram dos primeiros takes”, conta ela, “era um disco proporcionalmente torto, gravado sem clique. Eram decisões de uma garota de 17 anos em um processo mais pictórico e gráfico do que de costume. É um disco sutilmente rebelde, embora talvez isso não apareça sonoramente”.
Já Little Electric Chicken Heart foi feito “com calma”, como a artista explica: “Comecei a pensar mais na produção musical, tem muito de mim como produtora. Nós (ela e Martin Scian, co-produtor) pensávamos como chegar a um som e saíamos testando. Eu já sabia aonde queria chegar, qual era o conceito, qual era a ordem das músicas. Queria afetos, espaços e os sons dentro do conceito do coração. Acho que o sentimento dele transparece tanto [no produto final] por causa disso”.
Para Ana, o novo álbum traz “legitimidade” ao anterior, por mostrar que o que entendemos como maturidade e evolução agora reflete o talento que ela já trabalhava há anos. “Sou muito nova e sou mulher em um meio super fálico”, comenta a artista, “sinto que o Mormaço dava uma desconfiança, um ‘vamos ver’. O novo mostra que eu produzo pra caramba, trabalho muito o que to pensando, tenho um raciocínio que é meu. E eu sou muito obsessiva, muito produtiva, componho muitas melodias e penso muito em som”.
“Meu trabalho é expandir a poesia. A gente tá muito desacostumado com essa inversão, a gente tem sido muito pouco estimulado [na música] com a palavra, e ela traz muitas possibilidades de realidades. Me incomoda como a poesia é cômoda e não sai do papel. Tem gente que acha que o que eu canto é dadaísta, tem gente que fala ‘ah, aquela menina doidinha’. Mas é tudo coerente, é tudo poesia”.
Ana Frango Elétrico lança Little Electric Chicken Heart nesta sexta (18/10) em São Paulo, no SESC Avenida Paulista. O show é às 20h30, com entradas entre 9 e 30 reais.
Curta mais entrevistas no Música Pavê