Alice Merton: “Nem sei dizer o que é pop hoje em dia”

Pouco antes de dar ao mundo seu primeiro álbum, o recém-lançado MintAlice Merton montou uma playlist no Spotify com músicas que davam pistas sobre como o disco seria, entre singles antigos seus e uma grande variedade de artistas, de CHVRCHES a Manchester Orchestra, passando por Arcade Fire, Tash Sultana e até Imagine Dragons. Ao ouvirmos o disco, percebemos que seu som é tudo isso, ao mesmo tempo que é outra coisa.

Em conversa ao Música Pavê por telefone, a artista nascida na Inglaterra e criada na Alemanha revela que seu trabalho é resultado de um gosto muito diverso que ela cultivou desde sempre e aprimorou ao estudar produção musical na faculdade. “Gosto de ouvir gêneros muito diferentes”, conta Alice, “mas nunca curti tanto o pop muito mainstream. Gosto de uma ou outra música, mas aí é sempre por causa da produção”.

Ainda no assunto, ela comenta o quanto gosta de The Killers (“sempre amei”, em suas palavras) e o efeito que gente como M.I.A., Lorde, St. Vincent e Florence + The Machine tem em seu trabalho: “Muitas artistas mulheres estão estabelecendo novas tendências, isso me inspira muito”.

No meio de todos esses nomes, fica a identidade que Alice Merton coloca em suas músicas. É um som que encontra sua personalidade na instrumentação menos eletrônica (ao contrário de grande parte da produção atual), valoriza sua voz e não se prende a padrões muito definidos do que deveria ou não fazer – ou mesmo ser – para dialogar dentro do universo pop.

“Eu nem sei dizer o que é pop e o que não é hoje em dia”, comenta ela, “há tantas subcategorias. Tem gente que diz que minha música é mais alternativa, outros dizem que é mais pop. Eu acho muito difícil entender onde estou nisso tudo. Uma música pode se tornar popular, mas ela não é necessariamente pop. Foi o que aconteceu quando lancei No Roots (2017). Não era uma música dentro do que era considerado pop na época, então não sabíamos como ela iria se sair”.

Quase que da noita para o dia, o nome Alice Merton começou a aparecer ao redor do mundo por causa desse single, com aparições em grandes programas de TV e o honroso primeiro lugar na parada de música alternativa da Billboard. “Eu segui o fluxo, vivi cada dia de uma vez”, conta ela, “pensando hoje, eu nem sabia exatamente o que estava fazendo, estava pegando aviões de um lugar para o outro sem tempo para pensar. Agora que eu tive tempo para refletir, pude processar melhor tudo o que aconteceu e até curtir mais isso tudo, incluindo o efeito que isso teve em mim”.

E é aí que voltamos ao assunto do novo disco, Mint, que traz o sucesso de 2017 e um outro single lançado no meio tempo, Why So Serious. Sobre esse último, ela comenta tê-lo escrito e meio à pressão que sentia por todos os lados – até mesmo dos fãs – para continuar no auge após No Roots: “Eu nunca imaginava que uma música que eu tinha escrito seria um sucesso global daqueles, a intenção nunca foi essa. Eu sempre quis escrever músicas que sobre o que me afetava naquele momento. Uma reação dessas, com tanta repercussão, me levou a escrever Why So Serious? para contar às pessoas que eu sempre vou fazer a música que eu amo e que tem significado para mim”.

“Não vou ser o tipo de musicista que vai fazer o que os outros querem só para me manter popular”, afirma Alice, “eu não conseguiria ser convincente no palco se eu lançasse algo que não fosse escrito por mim só para fazer sucesso. Quero me manter verdadeira ao meu som e a mim mesma. Amo meu trabalho e amo compor, minha carreira está baseada nisso”.

Abaixo, veja a playlist lançada antes do disco, entitulada It’s gonna be Mint!.

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