Alabama Shakes, Por Que Tantos Vídeos Ao Vivo?
Veja bem, isto não é uma reclamação, mas é interessante notar como Alabama Shakes, uma das bandas mais celebradas dos últimos anos, investe surpreendentemente seus recursos em vídeos de música ao vivo ao invés de optar pelo formato de videoclipe, o que seria esperado que um grupo desses, ainda mais tão novo, fizesse.
A maior prova disso é que a única música que ganhou uma produção na linguagem dos clipes foi Sound & Color, justamente a faixa que batiza seu segundo álbum. O primeiro, Boys & Girls, segue até hoje sem nenhum vídeo não-ao vivo sequer. As demais músicas do segundo disco, igualmente, seguem divulgadas não com o áudio gravado no registro, mas ao vivo direto, em uma série chamada Live from Capital Studio A – realizada, como o nome diz, no famoso estúdio de Los Angeles. Mas por que será?
Talvez seja necessário deixar claro um pouquinho mais sobre o que significa gravar um videoclipe (embora, convenhamos, o Música Pavê faça isso há quase cinco anos): Trata-se de uma produção que acompanha visualmente uma música tal como ela é apresentada “oficialmente” – isso é, como ela aparece no disco -, daí a diferenciação entre os clipes e os vídeos com música ao vivo, sejam eles gravados em estúdio, ao ar livre ou onde for.
Embora produções gravadas diretamente em shows sejam comuns há décadas (e sempre uma boa alternativa quando o orçamento para novos clipes apareciam), essas obras como as que a banda de Brittany Howard tem lançado são feitas em um formato que consolidou-se ao longo dos últimos anos como um dos mais populares, pensado diretamente para a Web. As facilidades de subir um vídeo no YouTube, por exemplo, fez com que esse formato bem menos trabalhoso que o videoclipe tradicional seja uma boa opção.
Voltando a Alabama Shakes, quando vemos o nível de qualidade técnica desses seus lançamentos, levando em conta também o local em que foram gravados, não é ingênuo afirmar que a questão aqui não é financeira – há grana suficiente para produzir clipes, certamente.
Alguém poderia afirmar que é uma questão estética, até pelo som da banda remeter a épocas em que a linguagem do videoclipe ainda não havia sido desenvolvida (considera-se que ela tenha surgido por volta de 1975, mas se consolidado só na década seguinte), o que faz certo sentido, apesar dos recursos técnicos (câmera, lente etc.) serem claramente os que dialogam com o dia de hoje.
Ao ver os quatro vídeos já lançados da série Live from Capital Studio A, o que fica claro é que a banda sabe que sua arma secreta está, na verdade, exposta no centro do palco sob os holofotes: Brittany Howard, por melhor que seja no disco, é fabulosa ao vivo. Ela é em si uma personagem que, se inserida em um cenário muito construído, sob grande edição de imagens, perderia sua aura de sinceridade.
Não é difícil afirmar que Alabama Shakes ainda lançará um ou outro videoclipe (talvez mesmo para seu segundo álbum), porém não faltam motivos para que a banda norte-americana continue investindo seu tempo e recursos em produções ao vivo que, além de promoverem seus shows, evidenciam o potencial de seus integrantes, mas principalmente o de Brittany. Novos fãs serão sempre surpreendidos e nós, que já acompanhamos o grupo há alguns anos, continuaremos vendo cada um dos vídeos com prazer (e aquele certo nível de espanto que parece não ir embora nunca).
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