5 Bandas Muito Barrocas de Nosso Tempo
Qualificações, categorias, tags e rótulos, ou qualquer palavra desse tipo que você quiser usar, nos ajudam a entender algo por permitir que a gente o compare com outras coisas que receberam a mesma identificação. O que também pode acontecer é algo que você já conhece/entende ser chamado de alguma palavra que você nunca pensou em usar para descrevê-o e, com isso, ganhar um significado ainda maior, ou apenas te dar um novo ponto de vista sobre o já conhecido (o que sempre faz bem).
Nos estudos de arte, alguns pensadores questionam o quanto as nomeações de algum período valem para medir apenas aquele tempo, propondo que elas, na verdade, explicam mais um estilo do que um período propriamente dito, já que seu espírito atravessa os anos e é sentido tempos depois de alguma forma. Uns dizem isso para o Romantismo, outros para o Modernismo e alguns para o Barroco.
Daí a ideia de reunir uma lista com cinco bandas que reflitam na sua produção atual o que esse estilo significou séculos atrás. São nomes cuja música tem propostas arrebatadoras, que às vezes fogem das linearidades, trazem muitas alegorias e ilusões em uma beleza melancólica que permite que o ouvinte reflita sobre a transitoriedade da vida e de seus acontecimentos. É arte envolvente e convidativa, ainda que possa assustar alguns com suas dimensões.
Aproveite o novo ponto de vista sobre bandas que já conhecia, ou curta a oportunidade de saber mais sobre o som de outras que só tinha ouvido falar – ou nem isso.
– Arcade Fire: A banda canadense consegue exprimir uma certa qualidade sensorial em suas músicas que chega a parecer espiritual, até mesmo nas que parecem “mais simples” ou “menores”. De “simples” ou “pequena”, Wake Up não tem nada, o que existe é uma enorme carga emocional desde os riffs iniciais até o ato final, que parece até ser outra música, passando pelo coro que parece passear além da própria música, ecoando por todo o espaço e dentro do ouvinte.
– Bon Iver: Essa mesma qualidade é percebida no som de Justin Vernom e sua banda, uma sonoridade que parece ser organizada, mas nunca contida, como se de alguma forma os versos e acordes apontassem para fora da composição, principalmente na progressão da faixa ao longo do tempo. Holocene é uma dessas, que parece continuar mesmo depois de seu fim.
– Dry the River: Esta banda inglesa tem a emoção do folk em cada nota, trabalhada em grandes proporções nos sons e na letras. “Em debandada como bois, nossos corações são um rebanho”, canta No Rest antes de chegar em seu explosivo refrão e final arrebatador, em meio a construções visuais com ferrugem, sangue e suor., em uma emoção quase sobre-humana.
– Mumford & Sons: Conterrânea do Dry the River (e parceira de folk rock), a banda de Marcus Mumford trata de espiritualidade em várias de suas canções, sempre de um ponto de vista muito terreno, como a música tentasse preencher as lacunas entre alma e o divino. Já White Blank Page é uma das que diminui o vazio na comunicação interpessoal, estabelecendo um diálogo constante com o interlocutor com a mesma força natural das outras composições desta lista.
– Sigur Rós: Grande parte do público desta banda islandesa liga seu som a uma qualidade onírica, como se suas músicas provocassem sonhos em quem as ouve (mesmo com outros afirmando que as canções causam sono mesmo). Talvez a figura do sonho seja uma maneira de traduzir “racionalmente” as sensações que todas as faixas desta lista trazem ao ouvinte. É um grande jogo de luzes sonoras em um espaço maior do que a moldura cantada no tempo das músicas, tudo gerando um arrebatamento quase espontâneo em quem quer que as ouça abertamente – e tudo isso e aplica à discografia do Sigur Rós, tanto em seus primeiros trabalhos até o mais recente, Valtari, de onde saiu a canção Ekki Múk.
Curta mais de: Arcade Fire | Bon Iver | Dry the River | Mumford and Sons | Sigur Rós
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Muito bom artigo.
Ainda estou tentando fazer referências mais precisas em relação ao Barroco. Talvez tenha algumas divergências, mas gostei da ideia.