2023: Os Shows do Ano

É impossível um veículo – mesmo um como o Música Pavê, com uma equipe espalhada pelo Brasil – afirmar com propriedade quais foram os melhores shows do ano no país. O que sabemos é que algumas das apresentações que vimos ao vivo se destacaram em um nível pessoal, pela experiência que cada um de nós pôde viver diante do palco.

Por isso, diferente das outras listas do Especial 2023, esta com “os shows do ano” não foi votada pelos pavezeiros. Ao invés disso, cada um relata aqui uma grande experiência que teve em primeira pessoa. São espetáculos que levaremos conosco para o resto da vida, sendo verdadeiros monumentos da música em 2023.

Acompanhe mais do Especial 2023 do Música Pavê.

Ludmilla (por Guilherme Gurgel)

Sempre soube da existência de pagodes por aí, com muita paquera, cervejinha e boa música. Tudo que eu gosto, mas mesmo assim nunca fui a nenhum desses eventos. Por mais que a gigante estrutura de um Tardezinha, por exemplo, me chamasse a atenção, não sentia que seria exatamente o lugar mais confortável para uma pessoa LGBT. Tudo isso mudou com a chegada do Numanice, um mega evento comandado por uma mulher que faz o show ao lado de sua esposa. Já no terceiro ano do projeto, tive a oportunidade de fazer as pazes com o pagode e curtir uma daquelas festas onde achei que nunca caberia. Ludmilla, além de ter uma energia infinita no palco, me mostrou que representatividade gera acolhimento, e isso vale para todos os espaços.

Marcos Valle convida Tulipa Ruiz (por Diego Tribuzy)

Confesso que comprei ingresso para o Festival Vozes do Amanhã para assistir Maria Bethânia convida Tim Bernardes, que foi um show incrível, diga-se de passagem, mas fiquei profundamente impactado pelo show que veio antes. Em meio a turnê comemorativa de seus 80 anos, Marcos Valle convida Tulipa Ruiz para o festival, que tinha mesmo essa função de encontro geracional. E que encaixe maravilhoso! O repertório de ambos unidos aquela paisagem maravilhosa, o sol se pondo na Baía de Guanabara, em frente a uma das mais belas construções contemporâneas da cidade, me proporcionaram um dos momentos mais bonitos de 2023.

Zé Manoel e convidados (por Lili Buarque)

Zé Manoel sempre foi um artista que me emocionou muito. O piano, a voz, as letras, a sensibilidade, é um show que merece ser visto. Mas esse em específico, no Bona, em São Paulo, me deu um brilho maior nos olhos. E isto em razão da generosidade que eu pude perceber neste artista. Poderia ser um show dele com convidados, mas ele abriu para que fosse um espaço de acolhimento e troca com artistas talentosíssimos que talvez eu nunca conhecesse – ou demorasse mais do que deveria para conhecer -, como Marissol Mwaba e Otis Selimane. Foi um espetáculo de trocas, improvisos e demonstração de afeto, senti uma sorte imensa em estar presente. 

Skank (por Nathan Farias)

Quando o show é especial pra quem tá no palco, a emoção também toma conta da plateia. Mesmo exaustos após a longa turnê de despedida, o grupo mineiro caiu em lágrimas ao se dar conta de que era o fim dos 32 anos de Skank. A cereja do bolo foi quando Milton Nascimento subiu ao palco para cantar Resposta com Samuel Rosa para um Mineirão lotado. Uma despedida emocionante digna de uma das maiores bandas do Brasil.

Fundo de Quintal + Leci Brandão (por Isabela Guiduci)

Imagina unir dois enormes nomes da música brasileira em um palco? O resultado não poderia ser outro: Um show inesquecível, que aconteceu na 10ª edição do Festival Sensacional, em 24 de junho, no Parque Ecológico da Pampulha, em Belo Horizonte. Com uma energia de tirar o fôlego, a apresentação celebrou o samba com magnitude, respeito e carinho para/com esse gênero que tanto proporciona para o Brasil e o mundo. Leci e o Fundo de Quintal juntos foi uma experiência contemplativa e extasiada de reverenciar um estilo musical tão singular e potente como o samba. 

Jupiter & Okwess (por Vítor Henrique Guimarães)

Foi o último show daquele dia de Mimo Festival. Começou com o público disperso e só animadinho. Terminou com a galera no palco, muita dança, máscaras e percussões, tudo bem colorido – e muito respeito. Sair desse show com outra energia é inevitável. A propósito, a banda congolesa já foi confirmada na vinda só Africa Express, programada pro final de fevereiro do ano que vem, no Parque Ibirapuera (SP).

Lianne La Havas (por André Felipe de Medeiros)

Era só ela ali com suas guitarras, e já foi mais do que o suficiente para um Cine Joia lotadíssimo se apaixonar coletivamente pela cantora londrina. Muito comunicativa, com um sorriso tão potente quanto sua voz, Lianne foi convincente ao mostrar sua alegria de estar naquela primeira de duas noites de show em SP, e aplaudiu junto ao público as participações surpresa de Pretinho da Serrinha e Mestrinho. Se alguém ali ainda não era fã, agora é devoto.

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