1990/2000: Clipes Favoritos dos Leitores
O Música Pavê perguntou aos leitores quais os seus clipes favoritos dos anos 1990 e 2000. Das várias respostas recebidas, foram selecionados alguns exemplos que contam um pouco sobre o período e também, é claro, sobre o perfil de quem segue o site.
Aproveite para relembrar essas produções e repensá-las sob a mentalidade de hoje. Será que elas resistiram ao teste do tempo?
##Fatboy Slim – Praise You (1999)
Um grupo de dança liderado por Spike Jonze faz um happening na porta de um cinema, tudo gravado em câmeras VHS já um tanto datadas para aquele ano, mas ideais para o clima amador/caseiro que a produção pedia.
Por que marcou época? Spike Jonze e Roman Coppola já eram renomados diretores em cinema e em clipes, e vê-los no comando de uma produção tão simples foi inusitado e inspirador para a geração que viria a seguir, já em outro momento do produzir vídeos. A música foi um grande sucesso naquele ano, o que fez com que a obra fosse repetida à exaustão por aí.
Por que gostamos dele? Mesmo se você não conhece os diretores, ou mesmo se nunca ouviu Fatboy Slim, é uma produção muito simpática com “gente como a gente” fazendo o que quer fazer e, honestamente, passando um ridiculozinho básico na frente dos desconhecidos. Assistimos ao clipe meio como a plateia em volta, rindo deles, e meio querendo fazer algo parecido.
##Pearl Jam – Do the Evolution (1998)
Dois grandes nomes estão por trás deste vídeo também: Kevin Altieri e Todd McFarlane, conhecidos na época por trabalhos com Batman e Spawn, respectivamente. Cheia de crítica social, a animação percorre diferentes períodos históricos e mostra a natureza destruidora do homem em sociedade.
Por que marcou época? Era o fim de um dos séculos mais macabros da nossa história como humanidade e a parcela de músicos de grande alcance, como Pearl Jam, que colocava a cara à tapa para denunciar os males era muito pequena. Enquanto muitos se concentravam em abraçar um futuro melhor no novo milênio, Eddie Vedder e companhia não deixavam o passado muito recente se calar.
Por que gostamos dele? Uma animação caprichada dessas nunca passa batida, ainda mais uma que narra tão bem seus argumentos. Em 2016, infelizmente, Do the Evolution permanece incrivelmente relevante.
##Alanis Morissette – Ironic (1996)
O carisma da artista canadense foi muito bem aproveitado sob a direção de Stéphane Sednaoui e uma premissa um tanto simples: Quatro versões dela mesma interagem em um carro enquanto interpretam a faixa.
Por que marcou época? Alanis era o novo grande nome da música mundial, recordista de vendas e tudo o mais, isso sem deixar de ser uma “garota comum”, falando de problemas pessoais bastante ordinários. Ironic, por mais lúdico que seja, mostra justamente esse clima que atraiu tanta gente à sua obra.
Por que gostamos dele? É de uma juvenilidade muito charmosa e, novamente, carismática. Lembra momentos com amigos e aquelas cenas que vivemos que se parecem mesmo um videoclipe, seja pela música que tocava na hora ou pelo clima como um todo. E o que é melhor que uma Alanis? Sim, quatro Alanis.
##Guns N’ Roses – November Rain (1992)
De longe, o clipe mais datado de toda essa seleção. Não tem como ver e não pensar que essa época já ficou para trás há um bom tempo, seja pela ação paralela entre o show e a história, pela fotografia ou pela icônica cena de Slash tocando em frente a igreja.
Por que marcou época? Acredita-se que o orçamento do videoclipe, dirigido por Andy Morahan, tenha ultrapassado 1 milhão de dólares, uma superprodução digna dos nove minutos de música, tudo dentro de uma estética muito, mas muito utilizada naqueles anos. Como já dito, virou icônico e terá algumas de suas cenas cravadas para sempre na história dos clipes.
Por que gostamos dele? Por pura nostalgia, com certeza.
##Radiohead – Karma Police (1997)
Um dos planos de longa duração mais famosos da história dos clipes está neste vídeo, dirigido por Jonathan Glazer, uma narrativa que sabe utilizar muito bem a linguagem do videoclipe em função da dramaticidade da música.
Por que marcou época? Até hoje, é um uso muito inteligente de montagem e direção, com a câmera em movimento e a alternância entre os planos muito abertos de dentro do carro com os closes no ator e no fogo no fim.
Por que gostamos dele? É Radiohead em sua melhor forma. Além disso, se ele nunca tivesse sido lançado e saísse hoje, os elogios seriam os mesmos. Pode listar sempre como exemplo de um videoclipe excelente.
##The Black Eyed Peas – Don’t Lie (2005)
Uma das melhores surpresas nas citações dos leitores foi esta, a de um videoclipe que traduz muito bem o ponto baixo que a música pop sofreu naquele meio de década, antes de ganhar um novo fôlego em suas diversas vertentes por nomes como Lady Gaga e Adele.
Por que marcou época? Esse contraste no vídeo e essas cores são muito próprios da década, assim como a animação que envolve os recortes em vídeo – algo também já datado.
Por que gostamos dele? Além da nostalgia do que vivemos há cerca de dez anos ao som dessa faixa, o brasileiro médio, aquele da síndrome de patinho feio (ou como você quiser chamar o fenômeno), certamente sorriu ao reconhecer o Rio de Janeiro como cenário para uma produção gringa. Apesar disso, é bom revê-lo hoje para notar o quanto o pop comercial cresceu desde então.
##Gorillaz – 19-2000 (2001)
A ideia de Gorillaz, de ser uma banda “virtual” que só existe em animação, seria divertida o suficiente, porém ganha o diferencial de fazer músicas que são de fato muito boas. Um clipe como este, ainda um dos primeiros do grupo, reúne todas as suas melhores características de uma só vez.
Por que marcou época? Ainda estávamos conhecendo Gorillaz, e poder ver a banda em uma animação tão caprichada, misturando 2D e 3D e com uma historinha tão lúdica quanto o próprio conceito do grupo, só confirmava que estávamos diante de algo de grande valor.
Por que gostamos dele? Como não gostar? É Gorillaz, é uma animação muito bem feita e sempre divertida. É o que queremos que um videoclipe seja.
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