MP Seleciona: Dez Capas de Discos de 2019

Não se julga um álbum pela arte, mas nós aqui do Música Pavê temos a alegria de julgar as capas de discos em si. Muitas vezes, são elas que nos oferecem um primeiro contato com a proposta da obra e, não raramente, são o que vem à mente quando pensamos em um lançamento.

E o ano foi caprichado também nessa categoria. Entre design, fotografia, colagem e outras intersecções de linguagem, as capas de álbuns figuraram como uma atração bônus às músicas que tanto ouvimos.

Entre tudo o que passou pelo site ao longo de 2019, estas foram as artes mais lembradas pela equipe, que votou e comentou as dez capas de maior destaque no ano.

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Tyler, the Creator – IGOR

Janelle Monáe diz que rosa é a cor dos “segredos que você esconde”, décadas após Aerosmith dizer que rosa “é o amor que você descobre”. Em IGOR, uma obra que comenta o processo de conhecer, se apaixonar, se envolver, se frustrar e tentar levar uma amizade com alguém depois de tudo isso, rosa é a cor que dá base ao rosto do rapper em primeiro plano. Se ele é visto em primeiro plano, a simplicidade do fundo tem em sua escolha cromática uma dica da complexidade do que vamos ouvir. (André Felipe de Medeiros)

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FKA twigs – Magdalene

O artista por trás da arte de Magdalene foi Matthew Stones, que tem a tendência de desconstruir a forma humana por meio da pintura e manipulação digital. Para o disco, Stone utilizou esse recurso e toda a inspiração que FKA Twigs traz para criar uma humanoide se desfazendo de suas camadas e mostrando o seu interior. Para o artista, a voz, as letras e o modo como a cantora se fez vunerável no álbum só podiam ser representados por essa criação, inspirada em Cleópatra e no artista Leonor Fini. (Carolina Reis)

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O Terno – <atrás/além>

Despretensioso, mas não banal. Simples e direto, mas significativo. Características que poderiam ser usadas para explicar, pelo menos parcialmente, o som da banda O Terno ou o estilo de composição de Tim Bernardes estão brilhantemente registradas na capa do álbum <atrás/além>. As sílabas do nome do grupo, dissecadas, trazem significado; os símbolos do título da obra trazem modernidade; os círculos coloridos trazem graça e despojamento. Uma arte memorável para um dos mais belos álbuns brasileiros do ano. (João Barreira)

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Charli XCX – Charli

Posando como uma Nossa Senhora do PC Music, Charli XCX ilustra seu auto-intitulado Charli com um minimalismo futurístico que combina bem com as faixas que compõe o trabalho. Ela segue com o conceito da era que foi apresentado nas capas dos singles que precederam o disco, com o fluido metálico pelo corpo, refletindo sua sonoridade. Charli trouxe uma capa concisa, que mostra o seu amadurecimento musical e nos comprova – visual e musicalmente – que ela é um marco na música, sendo extremamente versátil e visionária. (Matheus Moreira)

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Lizzo – Cuz I Love You

Não bastasse Cuz I Love You ser um ótimo cartão de visitas de uma das cantoras mais talentosas, carismáticas e versáteis a ascender no pop nos últimos três anos, a capa do disco é um poderoso posicionamento estético. A aparente simplicidade da foto de Lizzo posando nua em um fundo escuro faz uma ligação direta com a sinceridade irrestrita da faixa-título e de todo o trabalho. Mas seu olhar entrega ainda mais: um misto de vulnerabilidade e de desafio de quem diz, “esta sou eu, lide com isso”. Apenas um dos momentos impactantes de 2019 para a artista do ano, segundo a revista Time. (Nathália Pandeló)

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Terno Rei – Violeta

Violeta é uma cor, um nome e uma flor. Dois desses significados vêm à mente ao mirarmos a capa que Terno Rei escolheu para o álbum: Violeta pode ser o nome da personagem fotografada – alguém que se projeta mais em nossa mente do que na imagem, já que nem seus olhos podemos ver -, e/ou a cor com que o nome da obra é visto em letras discretas. Com muita elegância, é uma arte construída no recorte e na sombra, convidando o ouvinte a conhecer a obra pelo gancho daquilo que não é visto. (André Felipe de Medeiros)

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BaianaSystem – O Futuro Não Demora

BaianaSystem, um dos exemplos mais legais da música brasileira de hoje, consegue ir além da canção, alcançando um trabalho multimídia para nos apaixonarmos e estudarmos com afinco. Em seu terceiro álbum, Filipe Cartaxo realiza cria uma figura que simboliza o batismo de água e fogo, ambos se conectando ao centro com o Melô do Centro da Terra. Em tempos difíceis, o grupo baiano recorre à natureza e ao divino, alertando que O Futuro Não Demora. (Rômulo Mendes)

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Lucy Rose – No Words Left

Em uma época de exposição demasiada, escolher uma simples foto para ser a capa do seu álbum é uma decisão que desperta atenção. E, no caso de Lucy Rose e seu disco No Words Left, a escolha foi certeira. A imagem da cantora britânica com o rosto coberto pelo seu cabelo, em preto e branco, dialogo muito bem com a mensagem que a artista transmite nesse trabalho. É como se realmente ela não precisasse dizer mais nada, está tudo ali, nas canções e nas experiências que elas evocam.  (William Nunes)

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Clarice Falcão – Tem Conserto

Há dois grandes méritos na arte de Tem Conserto. Primeiro, a imagem consegue entregar uma pluralidade legal à discografia da cantora, que protagoniza todas as capas de seus álbuns, embora elas sejam bastante diferentes entre si. E a segunda é como a tão eficaz figura de linguagem do reflexo comunica de imediato o conteúdo pessoal e introspectivo da obra. Melhor ainda é perceber que o reflexo não é nítido como um espelho, mas uma imagem distorcida que pode significar tanto a dificuldade de se autoanalisar com precisão, quanto a percepção errada de si que a depressão causa no indivíduo. (André Felipe de Medeiros)

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Toro y Moi – Outer Peace

Esse é um dos álbuns mais dançantes e divertidos do projeto Toro y Moi, protagonizado por Chaz Bundick, e a sua capa não poderia ser diferente. Cheia de cores e focos de luz, a cena que apresenta o disco tem uma plasticidade encantadora que revela dinâmicas sobre o processo criativo de Chaz. Diante de uma tela, dentro do que poderia ser um estúdio, planejando canções introspectivas, permeadas por sintetizados e, ainda assim, orgânicas.  (Letícia Miranda)

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