MP Seleciona: Capas de Discos que Embelezaram 2020

Nosso primeiro contato com um disco muitas vezes é visual. As capas dos álbuns acabam sendo parte integral da experiência de apreciá-los, e muitas vezes elas vêm à mente antes mesmo de alguma faixa ao nos lembrarmos das obras.

Se nossa relação com discos em 2020 ficou ainda mais forte, o mesmo aconteceu com as artes visuais. Elas foram parte da companhia que a música fez durante a quarentena e trouxeram mais beleza aos nossos dias.

Eis aquelas capas de álbuns que mais impactaram a equipe do Música Pavê ao longo do ano.

(Lista sem ordem específica)

Letrux – Aos Prantos

Hoje, a capa do segundo álbum da carioca Letrux tem mais significado, abrangendo a amplitude do tempo que vivemos, ainda mais por ter sido lançado dias antes do isolamento na pandemia. Estamos todos aos prantos, assim como a artista, segurando um quadro que retrata também a nós mesmos, após queixas, lamentações e tristezas próprias de 2020. (Rômulo Mendes)

Washed Out – Purple Noon

O som que parece situado ali na virada das décadas de 1980 para 90 presente no disco é comunicado primeiramente a partir de sua capa. Na elegância das linhas verticais da arquitetura que se projetam em cima das formas desiguais da natureza, o músico está vertiginosamente centralizado na fotografia. É equilibrado e tenso ao mesmo tempo, com cores que conseguem ter muita personalidade mesmo sendo tão comuns. (André Felipe de Medeiros)

The Weeknd – After Hours

A capa é simples, mas reflete exatamente a estética proposta pelo artista nesse ano. Inclusive, a fotografia foi tirada pelo próprio diretor que trabalhou nos projetos visuais de After Hours, Anton Tammi. Ela nos mostra The Weeknd durante um momento do clipe de Blinding Lights, com seu nariz sangrando e seu marcante terno vermelho. (Carolina Reis)

Mahmundi – Mundo Novo

Colorida e fragmentada: É assim que a capa de Mundo Novo se apresenta. Gabriel Kempers (que é quem assina a arte) partiu do isolamento imposto pela pandemia para expressar ideias e sensações que as canções provocam. É como se estivéssemos diante de uma janela e fossemos convidados a olhar para o que está ao redor – e admirar a paisagem que é possível ver, entre os contornos dessa janela. (Letícia Miranda)

HAIM – Women in Music Pt. III

A capa do terceiro disco das irmãs Haim foi fotografada por ninguém menos que Paul Thomas Anderson, que também assina quatro dos clipes. Clicadas atrás do balcão de uma delicatessen, elas brincam com a posição de subserviência das mulheres na música, apenas para subvertê-la em todas as faixas, sintonizando de Joni Mitchell a Fleetwood Mac. (Nathália Pandeló)

Rico Dalasam – Dolores Dala Guardião do Alívio

Dentro de um elevador, vemos Dalasam com o olhar fixo, como se estivesse se olhando no espelho. O recorte é pequeno, a imagem é simples e direta e a fotografia do artista nos puxa para os olhos, provocando uma certa hipnose. Rico está nos olhando de frente, com uma expressão que ora parece serena, ora parece reflexiva, ora parece séria. (Letícia Miranda)

Lianne La Havas – Lianne La Havas

Sempre penso que,quando um artista se coloca na capa do próprio álbum, é porque a obra reflete de fato sua identidade. Sem filtros, sem máscaras, sem mais ou menos: Uma forma de se revelar perante o público. A britânica Lianne La Havas, de 31 anos, estampa seu disco homônimo emanando a mesma leveza que as músicas sugerem – embora lá também tenha a sua dose de melancolia. Um sorriso daqueles de felicidade genuína, de trabalho concluído, de paz. É impossível esboçar outra reação que não seja sorrir de volta. (William Nunes)

Moses Sumney – Græ

É interessante pensar que o álbum foi anunciado através do single Virile, que traz um eu-lírico que rejeita a noção de masculinidade que lhe foi herdada. Da mesma forma, sua capa traz o músico nu em uma posição de grande vulnerabilidade, principalmente da lógica culturalmente dita “masculina”, por mais que se trate de um corpo inegavelmente forte. Que bela introdução à complexidade do disco e de seus temas. (André Felipe de Medeiros)

Acompanhe o especial 2020 do Música Pavê