Luyse Costa e seus Desenhos
A paraibana Luyse Costa recebeu a missão de transformar 30 músicas da banda Los Hermanos em ilustrações, que acompanharão as covers presentes na coletânea Re-Trato, da Musicoteca. Super simpática, ela nos contou sobre seu trabalho e nos mandou em primeira mão dois desenhos, Último Romance e A Flor, para matar um pouquinho da nossa curiosidade sobre como vão ficar as ilustrações. Aproveite e confira alguns dos teasers que já saíram com algumas das 30 versões exclusivas que estarão na coletânea (que será lançada em abril).
Nevilton – Fingi na Hora Rir
Música Pavê: Quer dizer que você é historiadora? Como começou a desenhar?
Luyse Costa: É, terminei História em dezembro. Eu desenhava desde pirralha, mas nada demais. Sabia copiar muito bem, vendia desenho de Pokemón por 20 centavos na sétima série, tudo cópia (risos). Daí, com 16 anos, resolvi fazer um curso de desenho para passar o tempo. Eu odiava, mas queria fazer para aprender as técnicas chatas. Daí, entrei na universidade, sempre gostei muito de história, mas em 2008 comecei a criar coisas minhas. Comecei o blog e foram aparecendo visitas legais. Isso me ajudou a ter disciplina. Depois de um tempo, um amigo me disse “você é artista” e eu não tirei isso da cabeça. Eu já estava na metade do curso e não queria desistir (risos). As coisas foram acontecendo paralelamente ao curso, como exposições e desenhando ao vivo em shows com amigos. Foi aí que descobri que eu realmente dava pra coisa e o melhor: dava pra ganhar dinheiro (risos).
MP: Os temas relacionados a filmes e música estão muito presentes no seu trabalho. Isso é espontâneo por que são assuntos do seu interesse ou é por que te pedem?
Luyse: São coisas que eu curto. A maioria das coisas que eu vendo já estão prontas. “Ah, que lindo, tá vendendo?”. É muito diferente fazer algo sob encomenda ou fazer algo que veio de você. É muito diferente, a inspiração não tem hora pra chegar. Você vê uma cena bonita, as cores, os movimentos, e quer expressar o que sentiu na hora. Acho que fica mais bonito e mais a cara do artista. O trabalho feito por encomenda pode ter isso também, mas você tem prazos. Não tô dizendo que ele não tem algo sentimental. Tem sim, mas preciso trabalhar pra isso. Quando faço pra mim, não tô trabalhando.
MP: Como você encontra inspiração?
Luyse: Viver é uma ótima inspiração. Sofrer também é bom. Artista gosta de tragédia (risos).
MP: E você já sofria ao som de Los Hermanos?
Luyse: Claro, até hoje (risos). Eu passei dois anos ouvindo Los Hermanos loucamente, aí parei um pouco, mas voltei agora por causa da coletânea. Minha irmã mais nova é fã, então volta e meia acordo ouvindo Los Hermanos. Eu já ouvi tanto, mas tanto, que só preciso ligar o rádio da minha cabeça. Não preciso mais ouvir as músicas.
Cícero – Conversa de Botas Batidas
MP: Quais outros músicos te inspiram?
Luyse: Os cantores clássicos que você sabe exatamente o dia e a hora de ouvir. Dylan é um deles.
MP: Quando você sabe que é a hora de ouvir Bob Dylan?
Luyse: Fim de tarde (risos). Odeio fim de tarde, é a pior hora do dia pra mim, algo tem que ficar bom. Os Mutantes sempre me inspiraram, acho que é minha banda preferida. Pixies, Echo & the Bunnymen, Elvis Costello, David Bowie. Adoro um lance Dream Rock também.
MP: E artistas visuais, quais te inspiram?
Luyse: Eu sempre falo no Jean-Jacques Sempé, é um cartunista francês que sempre gostei. Sempre gostei do estilo francês, o traço é todo solto, acho bem leve. Tem o lance do humor também e algumas ilustrações minhas tem humor no meio e eu busco isso no cartum. Sergio Aragonés é um cartunista espanhol que adoro. Humor refinado.
Graveola e o Lixo Polifônico – Último Romance
MP: Como foi o convite para participar da Re-Trato?
Luyse: O Web (Mota, da Musicoteca) me encontrou pela Internet. Não me lembro bem como foi, faz um tempo já. O site tem um espaço para artistas visuais, ele criou um álbum com desenhos meus, daí ele um dia disse que ia me chamar pra um projeto. Quando ele me contou o que era, não imaginei que fosse um lance tão legal! Fiquei surpresa e feliz.
MP: Como está sendo o trabalho?
Luyse: Tá sendo tranquilo até agora, de uma gigante responsabilidade. Para a maioria das músicas, já tenho ideia de como vai ficar a ilustração, mas algumas músicas como Anna Júlia eu não sei (risos). Acho que vai ser a mais trabalhosa para fazer.
Cohen e Marcela – Além do que se Vê
MP: Quais foram aquelas que você logo pensou: “Ah, já sei!”?
Luyse: Último Romance, Sentimental, A Outra, Além do que se Vê. A Flor também.
MP: Por acaso, são músicas que já te inspiravam antes?
Luyse: São minhas preferidas, mas são letras fáceis de imaginar uma situação.
MP: Quais materiais você está usando para os desenhos? Vi no seu blog que você gosta muito de aquarela.
Luyse: Eu começo rabiscando em um caderninho pequeno, escaneio e desenho no computador. Eu gosto de aquarela, mas resolvi usar tudo digital.
Conheça mais da Coletânea Re-Trato e veja mais de Luyse Costa em seu blog oficial
Não sei dizer se as ilustrações do post vieram pra matar a curiosidade ou pra cutucar mais ainda nossa ansiedade, tudo muito lindo.
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Conheci recentemente o trabalho dela. Ainda vi pouca coisa, mas o que vi me impressionou. Muito bom. Ela realmente e uma artista.
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