Fotógrafo: Fabrício Vianna
O talentoso fotógrafo Fabrício Vianna, de apenas 27 anos, ganhou minha admiração há algum tempo. Some um trabalho ótimo a bandas incríveis, que eu adoro, e o resultado não poderia ser outro a não ser um portfólio vasto e digno de passar um bom tempo olhando cada detalhe de sua obra. Não devo ser o único a concordar que o Fabrício fez a coisa certa ao largar o antigo emprego – ele era coordenador de marketing da América Latina em uma multinacional – para se jogar de corpo e alma na fotografia. Super atencioso, pude ter uma conversa de fotógrafo para fotógrafo com ele, que você pode curtir abaixo em meio a algumas de suas ótimas imagens.
Música Pavê: Quando você entrou para a fotografia e por que?
Fabrício Vianna: Essa é uma pergunta meio confusa na minha cabeça. Eu comecei a me interessar por fotografia aos 15 anos, por conta de uma tia jornalista e de uma amiga dela. Essa amiga, a grande fotógrafa Sueli Correa, me passou o amor pela fotografia e me instigou a buscar cada vez mais informação. Mas, eu entrei para a fotografia profissional de vez em 2008, quando abandonei um trabalho da minha área e resolvi cair de vez no mundo da fotografia.
MP: Você já possui alguns anos de fotografia. Sempre foi focado em shows ou já passou por outras vertentes, como a fotografia social (casamentos, aniversários, etc) ou moda, por exemplo?
Fabrício: Comecei a fotografar shows em 2005 com a banda Vilania, de Sorocaba e em 2008 eu já estava com a The Name, com quem fiquei até 2011. Mas eu já tive um estúdio, por pouco tempo, com Rui Antunes, um grande amigo. Tive também uma boa base de fotojornalismo. A bagagem de informação que a foto contextual te dá é importantíssima para qualquer tipo de foto posterior. Já fiz fotos de produtos, modelos, casamento, aprendi sobre foto de arquitetura, que é dificílimo… Mas a minha vibe é mesmo a foto de palco/show.
MP: Mesmo sabendo que sua paixão é por fotos de shows, você acha que voltaria a fotografar alguma outra coisa?
Fabrício: Pode ser que sim, tenho uma vontade de ainda fazer fotos de esporte, mas exige muito mais preparo e estudo, quem sabe um dia. Tenho vários desafios a superar ainda, fotografando show é onde eu me sinto mais confortável no momento.
MP: E na hora de fotografar um show, tem algo que você mais gosta?
Fabrício: Eu gosto de movimentação, que a banda não fique parada durante o show inteiro, gosto de surpresas. E, é claro, que fotógrafo não gosta de uma boa luz, uma luz branca frontal para diminuir a intensidade de luzes vermelhas? [Risos].
MP: (Risos) Claro, a luz é o que mais ajuda ou atrapalha o fotógrafo. Você lembra de alguma história sobre isso pra nos contar?
Fabrício: Recentemente, fotografei o The Vaccines no Cine Jóia e a iluminação era feita apenas pelo Mapping 3D que forma o cenário do local, não tem luz e é quase impossível focar. Trabalhar com uma tele-objetiva, sem chance! Já fotografei o The Name em um show que aconteceu num puteiro em Florianópolis, era só espelho ao redor, sem luz, apenas um strobo. Teve também os Strokes no Planeta Terra, que usou uma luz baixa e o Julian usava boné, óculos escuros, jaqueta, estava impossível fotometrar! Essa dos Strokes eu já sabia, pois acompanho a turnê deles, mas na hora, com apenas 3 músicas para fotografar, bate um desespero (risos).
MP: Dentre tantos grandes nomes da música que você já fotografou, qual foi o show que mais gostou de fotografar, aquele que mais te tocou?
Fabrício: Acho que todos marcaram de uma forma. O último show do The Name no Asteroid Bar me marcou muito, acabei de fazer e comecei a chorar no camarim, era o fim de uma banda que eu estive junto desde o começo. Mas a única vez que tremi para fotografar foi o Metallica no Rock in Rio. O palco estava demais, luzes ótimas, e vê-los tão perto, arrepiou. O LCD Soundsystem me marcou muito também, me emocionou porque eu sabia que a banda iria acabar em uma semana, é uma das minhas bandas prediletas!
Pavê: Agora uma suposição: Caso você só possa fotografar mais um show, pro resto da vida, qual banda escolheria?
Fabrício: Mais um show do The Name. Foi a banda mais importante na minha vida e na minha carreira. Eles representam muito para mim, somos amigos, as primeiras fotos que fiz deles foram na Outs em São Paulo. Em três anos, fizemos turnê no sul do país, turnê nos EUA e Canadá, tocaram no Planeta Terra. As coisas aconteciam e eu estava lá dentro, pude sentir tudo de perto e registrar.
Pavê: Isso lembrou-me uma entrevista recente que vi, com o Bob Gruen, quando ele fala que você ser mais íntimo da banda faz com que passe despercebido por ela, conseguindo fazer uma foto mais descontraída, mais autoral. Você também acha que uma relação mais íntima com os músicos ajuda na hora de fotografar? Ou é necessário saber distinguir a amizade do profissionalismo?
Fabrício: Com certeza a intimidade ajuda! Ter o conhecimento de presença de palco de cada integrante, ter a confiança deles na hora de poder fazer a foto, é uma energia diferente que passa para a foto.
Pavê: Para finalizar, se tratando de fotografia em geral, você tem alguma dica para dar a quem gosta e pretende entrar nesse meio maluco?
Fabrício: Estude, aprenda sobre o seu equipamento e vá fazer. Não precisa começar com grandes shows, vai em shows de casas pequenas, tenha desafios, porque é assim que se aprende e depois, quando tiver em uma situação boa, o trabalho sai naturalmente.
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