Coala 25: Múltiplas Experiências

foto por leticia stradiotto/música pavê

A edição 2025 do Coala Festival aconteceu no fim de semana entre 5 e 7 de setembro. Como sempre, o Memorial da América Latina, em São Paulo, recebeu o evento com atrações que se dividiram entre o palco principal e o Auditório Simón Bolívar – chamado Palco Tim.

Desta vez, o Música Pavê enviou três repórteres, um em cada dia, para a cobertura do festival. Cada um relata a seguir sua experiência durante o evento.

Sexta, 05 de setembro

por André Felipe de Medeiros

O anoitecer do primeiro dia de Coala trouxe consigo uma multidão que esgotou os ingressos para ver Liniker e seu show Caju. A atração principal da noite interagiu sem parar com a câmera – que projetava sua interpretação nos telões – e com o público, entre presentes recebidos no palco e pedidos de ajuda aos bombeiros, feitos pela cantora quando via alguém passando mal na plateia.

Ilustra bem como o festival sempre parece diminuir as distâncias entre palco e público, mesmo com uma estrutura daquela dimensão. Tássia Reis conversava à vontade, como se a plateia fizesse também parte de sua banda, e mesmo uma apresentação tão performática como a de Marina Sena também consegue ter essa qualidade mais íntima quando é vista no Coala.

Chamou atenção como todas as atrações da sexta-feira apostaram em formatos de bandas muito completas – ou, no caso de Tim Bernardes, uma orquestra. Instrumentos de sopro e muita percussão marcaram os shows, com um grande volume sonoro que ditou o clima de festa. Ainda assim, o momento mais marcante de todo o dia foi justamente quando Cidade Negra parou de tocar Aonde Você Mora? para o público cantar sozinho, como um grande coral, os versos da canção.

Sábado, 06 de setembro

por Clara Portilho

O segundo dia de festival foi cheio de emoções, romance e nostalgia. Zé Ibarra iniciou as celebrações com as canções cheias de groove de AFIM e energizou o público para lidar com o sábado chuvoso e frio. Já Terno Rei aconchegava a galera clamando aquele clima, aparentemente inóspito, como o perfeito para a atmosfera reflexiva da banda.

Conforme a noite caía, a nostalgia começava a dominar os palcos. Silva embalou o público com Eu Amo Você, de Tim Maia, para depois Black Alien levar todos à loucura com Babylon by Gus. A comemoração de 20 anos do disco agitou os fãs e criou ainda mais expectativa para o show de encerramento do festival. Já no palco Tim, Arthur Verocai e orquestra celebravam um lado mais ‘clássico’ da MPB acompanhado de convidados ilustres, como Mano Brown e Carlos Dafé.

Para o desfecho do segundo dia de Coala 2025: Nando Reis e Chico Chico em tributo à tão amada Cássia Eller. A homenagem de um amigo íntimo e do filho da cantora foi carregada de sentimentos, tanto da plateia quanto dos artistas. Com certeza, um dos momentos mais lindos do dia foi a multidão se juntando para cantar Segundo Sol com uma energia de admiração e de saudade de uma das grandes artistas do Brasil. Esse final emocionante só confirmou o que todos já sabiam: é impossível não amar a música brasileira.

Domingo, 07 de setembro

por Leticia Stradiotto

Domingo de Coala não tem expediente, é dia de imprudências e celebrações. A manhã abriu com Dora Morelenbaum, que trouxe as principais faixas do seu álbum mais recente, Pique, e fez uma delicada homenagem a Cassiano com Onda. A ternura da voz de Dora somada aos instrumentais psicodélicos fizeram o público dançar em sintonia bem pertinho do palco.

Em uma ode às gerações de mulheres nordestinas, Josyara, Cátia de França e Juliana Linhares trouxeram gingado para os ouvidos paulistanos, lembrando que a música brasileira também se faz em sotaques. A independência também teve destaque no festival: Anelis Assumpção e Lazzo Matumbi mostraram que o reggaeton faz parte da nossa vivência (e do molejo do samba!), ressaltando a força do saber empírico em uma apresentação que foi pura experiência.

Já no clima de lotação do fim, BK’ entregou um show potente de arrepiar, empolgando o público e trazendo a ancestralidade com Continuação de um sonho e suas homenagens para Evinha nos samples de Cacos de Vidro. O mais esperado, Caetano Veloso, entrou para aliviar corações e emocionar com suas composições. De verde e amarelo, no 7 de setembro, cantou Podres Poderes e o coro da plateia foi “sem anistia”. Já com Sozinho, emocionou corações e fez da experiência de ouvi-lo ao vivo algo espiritual. Foi aquele momento em que, mesmo no meio da multidão, ouvir Caetano ao vivo te coloca em um lugar espiritual completamente diferente. (Leticia Stradiotto)

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