Seafret: “Não fazemos música para caber em uma cena”

Dois amigos se reúnem para compor, tocar e cantar e, de repente, a fama bate à porta. É uma premissa já clássica no mundo da música, o tipo de história que se repete ao redor do mundo e traz consigo vários novos desafios para os músicos. Não foi diferente com Seafret, banda britânica que se apresenta pela terceira vez no Brasil, com show neste domingo (24) em São Paulo (Cine Joia).
Falando ao Música Pavê, Harry Draper (guitarra e produção) e Jack Sedman (vocal) repetiram diversas vezes a palavra “honestidade” como base para lidar com as situações que a popularidade trouxe. “Somos muito honestos com nossas letras, e não vamos lançar uma música se não gostamos dela”, comenta Harry, “Jack não vai subir no palco e cantar algo em que não acredita, e eu não vou tocar também. Não criamos para as paradas de sucesso, mas porque amamos música”.
“Já tivemos muitas situações em que tivemos que bater o pé e insistir que isso é o que nós queremos fazer com um disco, ao invés do que um selo tinha planejado”, conta Jack, “há muitas opiniões, nossa equipe é grande, e muitos têm outras ideias do que nós deveríamos fazer, até porque já trabalharam com outros artistas e tiveram outras experiências. Já me ofereceram músicas dançantes com outros artistas… Eu poderia estar cantando outras coisas, Harry produzindo outras pessoas, mas sempre tentamos manter o rumo que escolhemos”.
O caminho da honestidade compreende também mudanças naturais que todo artista passa ao longo de sua carreira, seja em termos estéticos ou de mensagem. No caso de Seafret, músicas como Atlantis (seu maior sucesso) são um tanto diferentes da proposta mais acústica que o duo propõe para seu próximo disco – do qual já conhecemos três singles: Wait, River of Tears e Five More Seconds, parceria com KT Tunstall.
Sobre a nova sonoridade, Jack comenta que “não foi intencional. Não fazemos música para caber em uma cena, não somos uma banda indie pop britânica que toca a guitarra de certa forma e faz aquele tipo de música. Sempre fomos um grupo mais minimalista, mais acústico que, aos poucos, introduziu outros elementos. Agora que estamos com Seafret há tanto tempo, sabemos que, quando paramos para escrever uma música, ela será romântica (risos). Mas também curtimos experimentar um pouco, não temos medo de desviar a rota – o que tem sido ótimo para nossa criatividade”.
“Tivemos mais tempo para produzir esse álbum”, explica Harry, “gosto muito dele, sinto que tivemos tempo para fazer do jeito certo. E tem a ver com a honestidade: Nós amamos esse álbum, e isso é o que importa”.
“Por isso também que somos tão agradecidos por poder ir a lugares como o Brasil, porque podemos mostrar aquilo que amamos, e que legal ver que tem mais gente que gosta também”, continua Harry, “vamos tocar n algumas músicas que ainda nem saíram, porque estamos curiosos para ver o que as pessoas vão achar delas. Sabemos que o show será ótimo, é a melhor plateia do mundo – quieta e atenciosa quando precisa, e gritam alto entre as músicas, nos animando. Parece que todo mundo naquele ambiente faz parte de uma só banda gigantesca (risos)”.
Ambos concordam que a conexão emocional com os ouvintes é a confirmação de que “fizemos as escolhas certas”, nas palavras de Jack. “Acho que tem a ver com o lugar de onde viemos e como nos conhecemos, como Seafret começou”, ele continua, “não havia ambição de ser uma banda, só começamos a tocar e compor porque era o que gostávamos de fazer. E sempre que as opiniões dos outros querem interferir, temos que nos lembrar disso. Se toda essa estrutura ao nosso redor desaparecesse, nós ainda poderíamos tocar juntos e estaríamos super felizes (risos)”.
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