Papo em Dia: Renato Medeiros

Aqueles nomes que já apareceram pelo Música Pavê em algum momento no passado e deixaram saudades retornam para colocar o Papo em Dia com quatro perguntinhas.
Renato Medeiros
O que aconteceu desde a última vez que nos falamos?
“Faz dois anos já? Meu Deus, passa rápido. Bastante coisa aconteceu, trabalhei com muita gente que eu admiro muito, toquei com Alice Caymmi, Giovani Cidreira, gravei com Maglore e com Lucas Gonçalves, produzi discos … o mais recente é o do Juliano Costa, Chamar Alguém de Amor. Me casei, mudei de estado e me encontrei como professor de música. Descobri outras formas de me realizar com música pra além do sonho de viver do autoral, estou feliz.”
O que mudou e o que não mudou na maneira como você faz música nesse período?
“Demorei muito pra ter coragem de lançar meu primeiro disco. Gravo minhas músicas desde 2010, mas só em 2023 dei o passo de colocar no mundo. Me cobrava demais, achava que se o som não fosse bem recebido, ia me destruir. Também ficava com essa ideia de que precisava lançar de primeira um álbum perfeito. Essa mentalidade acabou me travando muito (risos). Mas foi o meu processo.
Quando finalmente lancei, já tava mais tranquilo, mas ainda carregava uma pressão interna e aquela esperança meio ingênua de que ia ‘dar certo’, sabe? Tipo, alguém descobrir meu som e a carreira começar a andar. Essas coisas.
Mas o mundo em 2023 já era outro. O jeito de consumir música tinha mudado muito desde a época em que comecei a pensar em me lançar como artista. Eu sabia disso, mas levei um tempo pra realmente sentir e aceitar. Comecei do zero nas redes, postando aqui e ali, torcendo pra ter uns plays no Spotify… e logo fui entendendo como é difícil. Quanta gente também tá lançando coisa, tentando espaço, e como o dinheiro faz diferença nesse jogo. Enfim, são obstáculos.
Mas deixando ‘o jogo’ de lado, esse disco me deu muitas alegrias. Teve gente que ouviu com atenção, compartilhou, comentou, me mandou mensagem… E ainda entrou no top 10 de 2023 do Programa de Indie da Rádio Eldorado, que eu amo. Foi muito legal esse reconhecimento.
De lá pra cá, aprendi bastante sobre o mundo digital, minhas redes cresceram, mas ainda tô entendendo como transformar isso em mais shows. Também aprendi a desapegar. Se antes eu era perfeccionista, agora, com menos expectativa, sinto que estou fazendo minhas melhores músicas. Faço por prazer, porque gosto, sem pensar tanto em público ou sucesso, até porque isso tá fora do meu controle, e tudo bem.
Musicalmente, mudei também. Saí um pouco da vibe indie canção e fui pra um som mais direto: rock, post-punk, funk… coisas que batem na hora, sem enrolação. Muito por conta do jeito atual de consumir música, resolvi lançar singles em vez de álbuns. Faço no meu tempo livre e vou soltando. Eu mesmo gravo, mixo, masterizo e já era. Próxima.
Tá sendo um processo legal, me dá liberdade pra experimentar e fazer tudo do meu jeito. E isso vale muito”
Quais são suas novidades?
“Estou no quinto single do ano! Bastante orgulhoso do som! Está lá em todas as plataformas”
Quais outros artistas e bandas você tem escutado?
“Tenho escutado muito ESG, Sly and the Family Stone, Germs, Death, Juliano Costa, D’Angelo, Zé Ramalho, Ana Mazzoti, Lucas Gonçalves, Billy Joel, End It, Test, Gabriel Serapicos, Márcio Greyck, Erkin Koray, Daft Punk. Foram os que eu lembrei agora”