Passado a Limpo: Haim

Há quem ache que moda seja bobeira, mas, olhando para as irmãs HAIM, se tem certeza que existe uma comunicação certeira de quem se é – e, nesse caso, também de que tipo de música fazem. Sempre coerentes em cada álbum que lançam, seus estilos sempre se comunicam com o estilo de música e clipes que estão fazendo.

Analisando sua discografia, é possível perceber sua evolução e quando começam a ter uma identidade musical muito bem definida, que acaba sempre aparecendo em próximos álbuns com um novo acréscimo e amadurecimento. Em quase todos seus trabalhos, o tema central é o amor e relacionamentos, não deixando sons identidade da banda de lado – como o baixo de Este, guitarras presentes e forte presença de Ariel Rechtstaid e Rostam Batmanglij na produção.  

O primeiro álbum, Days Are Gone, lançado em 2013, carrega referências à tudo que acontecia na cena do indie na época; Danielle anteriormente tocava com The Voidz e claramente levou muito da banda para esse álbum. Desde a identidade visual (camisetas brancas, jeans, botas, jaquetas de couro) a sons eletrizantes e que se encaixam na categoria de rock alternativo e indie rock com pitadas de pop, é quase como se o álbum fosse o rascunho do que fossem fazer neste seu novo, I Quit – falar sobre relacionamentos confusos com instrumentos deliciosos de se escutar, mas de forma muito mais simples nas composições de letras. Um sucesso no Tumblr, apesar de um excelente e divertido álbum, parece muito moldado para atingir um determinado público mais do que ter vindo tudo originalmente do trio.

Quase que num giro 360º, lançam Something To Tell You em 2017, com claras influências ao country e muito mais sonoramente orgânico e desacelerado que o anterior. Um pouco mais otimista e romântico, possui muito mais instrumentos gravados e é muito mais intimista e pessoal, quase que uma versão contemporânea e mais pop de Fleetwood Mac. Apesar de possivelmente o menos interessante de sua discografia, é nele que Haim começa a mostrar mais identidade, jeitos de cantar e produções ainda vistas em álbuns seguintes. Não é uma obra que pega de primeira quem está acostumado com o debut, mas é importantíssimo para a construção de sua discografia.

Women in Music PT III chega em meio à pandemia em 2020, carregando muito da sonoridade do último álbum, mas retomando ao rock mais empolgante e trazendo temas relevantes para o momento. Fala sobre o empoderamento feminino, ser mulher na música, e, principalmente, abraça o sentimento de solidão e tristeza naquele ano, de forma muito sensível e relatável. Além da base da sonoridade que se mantém a mesma do último disco, se mantém a parceria nos clipes com o diretor Paul Thomas Anderson. O álbum ganhou tamanha força que em sua versão deluxe ganhou participação de Taylor Swift em Gasoline Thundercat em 3AM.

Recriações de cenas da cultura pop feitas por paparazzi, sample de Freedom e relacionamentos como temas centrais moldam o recém-lançado I Quit. Trazendo pop e rock leve que revisitam décadas passadas da música, é possivelmente o álbum mais pessoal e que é ainda perceptível a influência de Something to Tell You. Em meio a músicas mais aceleradas e outras que são mais devagar, falam sobre términos e histórias de relações – é quase como aqueles filmes de comédia romântica que possuem várias histórias dentro de um único filme. Depois de se aventurar em produções de outros artistas e ter apostado em algumas produções no último álbum, Danielle intensifica sua presença na produção, ao lado de Rostam Batmanglij.

Em mais de dez anos de carreira, é interessante perceber o achar da identidade musical e o crescimento de Haim através de cada escuta em ordem de seus álbuns. Por isso, vai aqui uma seleção das principais músicas para entender mais a carreira do grupo.

Curta mais de Haim e da série Passado a Limpo no Música Pavê

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