C6 Fest 2025: Atrações Impressionantes para Público Apático

Não é preciso explicar muito: C6 Fest é um evento com cacife mais do que suficiente para escolher atrações fora do comum. A edição 2025 do evento, mais uma vez no Parque do Ibirapuera, cartão postal da capital paulista, comprovou a disparidade existente entre a curadoria e a postura de um público que, por mais feliz de estar ali, parece não se importar com o que ocorre nos palcos dos dias principais do festival.
Isso porque, de tempos para cá, a tal experiência tem se resumido ao estar e ao registrar – no caso, fazer vídeos e fotos para redes sociais. E mesmo que o público do C6 Fest não estejam com celulares nas mãos o tempo todo, como acontece em outros eventos do mesmo porte, é curioso notar que, ainda assim, poucas pessoas estão presentes de fato nos shows. Muitos ficam de costas para o palco, ainda que próximo dele, e uma quantidade muito expressiva de pessoas mal nota os aplausos que indicam que a música terminou.
É preciso que isso seja dito, porque a curadoria do festival não pode ceder à tentação desse “tanto faz”. A oportunidade de termos no Brasil nomes de lugares menos óbvios (como as bandas Peter Cat Recording Co, da Índia, e SuperJazzClub, de Gana), ou novidades no cenário fonográfico (Cat Burns, Stephen Sanchez), não se dá em qualquer evento.
Coube espaço para os hits de TikTok (A.G. Cook, Beach Weather), mas os destaques ficaram com as bandas de legado – inclusive, com histórico no país. Gossip, em meio a hits de diversos momentos da carreira e um belo discurso sobre direitos humanos, e Wilco, com direito a um Jeff Tweedy se perguntando por que não se muda de vez para o Brasil, ficarão estampados na memória como alguns dos melhores momentos do fim de semana. Os tais headliners, Air e Nile Rodgers com sua banda Chic, também não decepcionaram.
Entre problemas no som de Seu Jorge, e uma qualidade também questionável em todos os shows da Tenda Metlife, há do que se reclamar para além da distância entre os dois palcos e os horários das apresentações. Mas não se pode dizer nada quanto à oportunidade de vermos tantos músicos diferentes, e de tanta qualidade, em um espaço tão curto de tempo – e com água gratuita, o que deveria ser a norma em qualquer festival.
Para 2026, é possível que nada aconteça quanto à apatia do público. Só fica a esperança de que isso não seja desculpa para baixarem o nível das atrações.