Dicas de Discos do Mês: Abril/2025

Em um mês, uma grande quantidade de trabalhos musicais chegam ao mundo. Apesar de todo empenho da equipe do Música Pavê, nunca é possível contemplar tudo. A fim de chamar atenção para a impossibilidade de abraçar o mundo da música, fica aqui a seção Dicas de Discos do Mês, com álbuns que não deu tempo de comentar no momento exato de seu lançamento.

Os pavezeiros indicam obras que não podem ficar de fora dos seus dias. Se deparar com um trabalho musical que mexe com você é muito prazeroso, então fica o incentivo de experimentar esses sons e ir além, se atentando às recomendações de outros veículos e até mesmo às sugestões de algoritmos. Nunca se sabe de onde pode surgir seu próximo disco favorito.

Eis as dicas de abril de 2025.

Rachel Reis – Divina Casca

É tão injusto quanto natural comparar este segundo disco e Meu Esquema. Porém, se o anterior resumia Rachel Reis em estilo e identidade, este oferece uma maior e mais detalhada versão de sua arte. Ela é axé e é reggaeton, respira Jorge Ben e canta Pepeu. BaianaSystem, Don L e Rincon Sapiência estão entre as participações de uma obra que corresponde à grandeza da baiana que “tem um metro meia sete, cachos e pele cetim”. (André Felipe de Medeiros)

Natalia Lafourcade – Cancionera 

Possivelmente o álbum mais místico da carreira de Natalia. A natureza é frequentemente tema (lua, sol, máscaras de cristal) e a cantora se aproxima ainda mais de gêneros latinos – enquanto o último tinha uma sonoridade classuda, nesse deixa ainda mais claro suas raízes. É um álbum que cresce quanto mais se escuta, com uma abertura instrumental impecável em Apertura Cancionera, mas que não entrega de mão beijada o que está por vir. (Giovana Bonfim)

Bon Iver – Sable, Fable

O quinto álbum do projeto concebido por Justin Vernon é límpido e reconfortante como uma brisa fria em dia ensolarado. Se antes já houve tormento emocional absorvido por excelência folk, ou experimentação eletrônica em confusão lírica, aqui sobra leveza: Há contemplação sábia ao abordar o amor, seja ele o perdido ou o inevitável, e a música acompanha essa abordagem com timbres e harmonias vívidas. As sombras não desapareceram, mas parecem menos pesadas. (Eduardo Yukio Araujo)

Djo – The Crux

O astro da série Stranger Things retornou mundo da música com seu terceiro álbum, The Crux. O projeto de Djo é um reflexo perfeito do indie clássico que estava em alta em 2014, e que deixa saudades nos fãs. Com referências a The Strokes e The Killers, o álbum flui muito bem e aborda temas introspectivos, como a solidão e a transformação. O ritmo animado, combinado com as letras melancólicas, me dão a impressão de que Djo tenta ser otimista com a vida, apesar de todas as pedras no caminho. (Lorena Lindenberg)

Deerhoof – Noble and Godlike in Ruin

Em sua mistura imprevisível de punk, noise, alt rock, free jazz e pop, Deerhoof soa como um (feliz) encontro entre Björk e Captain Beefheart. A inspiração do novo disco do grupo vem de Frankenstein, de Mary Shelley. O clássico personagem funciona aqui como uma metáfora dupla, que simboliza tanto o processo fragmentado de composição da banda quanto os excluídos e marginalizados que lutam para ser aceitos. (Bruno Takaoka Pugliese)

Viagra Boys – viagr aboys

No quarto álbum da carreira, a banda sueca de punk rock segue ácida e surpreendente. Saúde mental, síndrome do impostor e masculinidade tóxica surgem em letras absurdas, que descrevem uma endoscopia, o ponto de vista de um cachorro com problemas nos dentes e a decomposição de um corpo em um brejo. Os vocais de Sebastian Murphy soam descontrolados na medida certa, e os instrumentais são mais despidos que nos discos anteriores, mas ainda cheios de melodias cativantes. Há poesia e maturidade na forma como a banda soa insana, e eles claramente se divertem com isso – punk em sua melhor forma. (Guilherme Gurgel)

Terno Rei – Nenhuma Estrela

A banda paulistana Terno Rei apresentou seu mais novo projeto, o álbum Nenhuma Estrela, que marca uma fase mais experimental da banda. Apesar de nunca deixarem de lado o indie melancólico, é perceptível que o grupo flerta com novos estilos, como o emo, como na faixa Coração Partido. Em meio a diversas reflexões internas, os temas do projeto abordam, principalmente, o amadurecimento e as relações. O disco ainda conta com duas participações especiais: Lô Borges e a dupla Paira. (Lorena Lindenberg)

WET – Two Lives

Wet entrega sonoridade suave, com mesclas de pianos e sintetizadores que formam um agradável dream pop. Com músicas curtas, apesar da atmosfera introspectiva, traz sensação de conforto; é ótimo para escutar em dias de outono frescos, mas solares. O conceito do álbum surge quando Kelly Zutrau, líder da banda, descobre uma gravidez e há a imediata sensação de medo. Talvez daí as interpretações ao se escutar: É algo estranho, mas que, no final, traz sentimentos bons. (Giovana Bonfim)

Josyara – AVIA

A prova concreta de que a decepção amorosa ainda é um dos melhores combustíveis criativos que existem: Além de ter letras marcantes, arranjos lindíssimos e parcerias ilustres (Pitty, Chico Chico e Liniker), as faixas têm uma coerência muito forte entre si e ficam ainda mais interessantes dentro de seu conjunto. AVIA é complexo em sentimento e musicalidade sem ser cansativo. Se você gosta de MPB com algumas pitadas de samba e outras brasilidades, este disco definitivamente vale seu tempo. (Clara Portilho)

Francis Hime – Não Navego Pra Chegar

Nas comemorações de seus 60 anos de carreira, os versos “não trago peixes pra vender, nem lendas pra contar, mas sei todas as canções do mar”, da faixa-título, parecem constatar um presente musical de Hime no mar da beleza que é a história da música brasileira, que sempre se está celebrando por meio da sua inesgotável criação tão importante para ela, sem a pretensão de se chegar a nenhum marco. (Nina Veras)

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