Conheça: Zé de Guerrilla

Em Crato, região metropolitana do Cariri, no Ceará, Zé de Guerrilla todo dia se emociona. Sob o lema de que viver é um perigo, música que lançou em 2024 com Jéssica Caitano, ele canta no limite do abismo uma visão que tem a partir de lá. Algo que nasce do ordinário, mas que se intensifica sob a vertigem de olhar a profundidade, uma percepção indubitável de que se está vivo.
Das noites sem dormir por falta de dinheiro e do peso da “labuta de sete toneladas” na qual o lucro para o trabalhador é ilusão, a dor comum de quem sofre por um sistema maior e que perdura não é colocada por Zé como algo que deve ser parte do ordinário. O artista canta que sua real sensação de estar vivo nasce do reconhecimento de que se é alguém com fala e ação possível de rompimento e mudança.
“Só é cantador quem traz no peito o cheiro e a cor da sua terra”, a frase de François Silvestre é utilizada como uma forma de apresentação de Zé de Guerrilla no início do seu álbum Esquiva, e explica os métodos de combate do cantor e compositor cearense, que aprende arte com os artistas populares da sua região, que fizeram do repente e da cantoria o que Zé também faz com o rock, a cumbia e o rap.
O artista traz de volta o carcará como o guerreiro que João do Vale e José Cândido criaram em música, por meio da faixa Ladeira do Segredo, mas também imagina os “Jacks” sem pandeiro, as rezadeiras e bordadeiras como seus mestres em Dobradores do Tempo, unindo a arte e a cultura, ao poder de luta que é acordar todo dia e criar por cima de qualquer ferida da existência.
Zé de Guerrilla reflete a vida de um Ceará contemporâneo que se manifesta por um bailar de vários ritmos em um chão de referências, que lembra a importância da música e da capacidade de se sentir acordado por meio dela.
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