Conheça: Milton Raulino

foto por rogério alves

De olhar penetrante em direção à câmera, o compositor recifense Milton Raulino finca suas palavras nos ouvidos do público, que desavisado, pode se movimentar ao ritmo dançante da sua música e repetir seus refrões que pegam rápido, mas cujas letras precisam de tempo de assimilação, pois tratam de desenganos cotidianos. Antes de lançar seu primeiro álbum autoral, Milton tem preparado o terreno e se apresentado aos ouvintes por meio do som e da imagem. Seus três singles já liberados nas redes têm todos um videoclipe e uma criação imaginária própria. Belos figurinos e maquiagens, brilhos e kimonos esvoaçantes acompanham a interpretação forte do cantor que tem uma relação com o teatro desde 2016, e incorpora seu lado ator para colocar em cena suas obras.

Milton Raulino é presente nos palcos e bares de Recife cantando forró, chorinho e MPB, e às vezes apresenta suas músicas autorais. Nos três singles já lançados, ele mostra sua forte referência brasileira, mas também seus diálogos com estilos que chegaram no país de outros lugares, o que vai de um synth-pop à la Marina Lima em Suave, ao ritmo do bolero em Comparsa, com teclados do brega, e ainda uma referência ao tango. Milton vive a arte em seu corpo, e a explora para desenvolver seu projeto pessoal, que se caracteriza pela expressividade dramática de si e do espaço, o que explica sua intenção em aliar as três músicas lançadas a videoclipes, dirigidos por Thaíse Moura e Ilana Costa, em uma parceria que o acompanha em todas as obras. As letras são reflexivas e voltadas a momentos de meditação, que parecem lembrar aos seus ouvintes da necessidade de contemplar o tempo e entender que ele funciona para além das aparências de um mundo que corre rápido.

Com firmeza, Milton canta na música Sem Perder sobre um lado fraco interno que existe em todos, cuja existência serve apenas para nos derrubar. No clipe, que se passa em uma mesa de tarô, o artista faz referência às possibilidades de reflexão geradas pelas formas de conhecimento mais voltadas ao misticismo, a partir de uma abordagem estética que explora uma teatralidade inerente ao mundo esotérico. Na letra otimista, o compositor afirma que há a capacidade humana de superar as próprias limitações, que de um auto-mergulho é possível nadar, chegar à superfície e não se afogar: “Ser humano na raça chega em si sem perder”. 

Milton Raulino prepara seu primeiro álbum autoral para lançamento agora em 2025, em uma obra que promete vir acompanhando sua criatividade e capacidade de desenvolver histórias e reflexões junto ao som, em uma forma de dramatizar mais ainda o cotidiano.

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