James Blake – Like The End

Pior do que a frustração de uma época tão bizarra como a que vivemos é a ansiedade que vem da consciência de que as coisas só tendem a se agravar. É disso o que James Blake canta em Like the End, e também a mensagem expandida por seu videoclipe.

Feita inteiramente com cenas geradas em plataformas de inteligência artificial, a produção apresenta um mundo com absurdos muito realistas, de pessoas com óculos de realidade virtual em uma praia à espetacularização do bizarro e do cotidiano para serem vistos em redes sociais. Com base no presente, pensamos em um futuro bastante desanimador.

Com direção de Jon Rafman, a narrativa tem a rotação desacelerada em todas as sequências, permitindo uma melhor apreciação de cada um dos quadros, assim como, em um nível muito abstrato, reforçando um incômodo em relação ao desenrolar do tempo e nossa experiência nesta época.

Sintetiza muito bem a sensação que paira no ar, e faz isso utilizando muito bem uma tecnologia de hoje. E, é claro, faz tudo isso sem roubar a atenção da música – pelo contrário, só dá ainda mais força ao que James Blake propõe.

Avaliação MP:  5/5 ★★★★★ 

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