Dicas de Discos do Mês: Abril/2024
Em um mês, uma grande quantidade de trabalhos musicais chegam ao mundo. Apesar de todo empenho da equipe do Música Pavê, nunca é possível contemplar tudo. A fim de chamar atenção para a impossibilidade de abraçar o mundo da música, fica aqui a seção Dicas de Discos do Mês, com álbuns que não deu tempo de comentar no momento exato de seu lançamento.
Os pavezeiros indicam obras que não podem ficar de fora dos seus dias. Se deparar com um trabalho musical que mexe com você é muito prazeroso, então fica o incentivo de experimentar esses sons e ir além, se atentando às recomendações de outros veículos e até mesmo às sugestões de algoritmos. Nunca se sabe de onde pode surgir seu próximo disco favorito.
Eis as dicas de abril de 2024.
Céu – Novela
Um álbum produzido com base em uma gravação ao vivo feita por um power trio, em pleno ano de 2024: esta é a Novela de Céu. Em seu sexto trabalho autoral, a cantora paulistana ousa ao revisitar o passado, e cria um repertório com as influências do que há de melhor em sua obra, ao longo destes 19 anos desde o seu primeiro lançamento. Jazz, reggae, música brasileira da década de 1970, tudo isso e muito mais você encontra neste que se tornou meu álbum preferido de sua carreira. (Diego Tribuzy)
Papisa – Amor Delírio
Os vários tipos de amor sempre foram inspiração para milhares de músicas, então o risco de soar clichê nesse tema é gigantesco. Felizmente, o segundo álbum da artista paulista é um triunfo da reflexão sobre o sentimentalismo: Canções que abordam sensações físicas, aceitação da impermanência das relações e uma agridoce visão da vida romântica. Tudo isso embalado por um indie pop enxuto, direto e sem perder a aura de “psicodelia esotérica” da banda. (Eduardo Yukio Araujo)
Dillom – Por Cesárea
E se em todas as grandes decisões de sua vida, você tivesse escolhido o pior caminho? Esse é o conceito do argentino Dillom, em seu segundo disco. Violento, visceral e catártico, o álbum conta a história de um personagem que passa por situações ruins e escolhe torná-las ainda piores. Tendo o rap como fio condutor, o som também passeia pelo pop e pelo rock, com um ambiente sonoro que permanece muito bem conectado à narrativa. (Guilherme Gurgel)
Amy Gadiaga – All Black Everything
De vez em quando surgem trabalhos que me perguntam o que a música pode ser, o que ela pode suscitar, aonde ela pode te levar e te fazer questionar o que nela está te provocando aquilo que você tá sentindo. Nesse mês de abril, o trabalho que fez isso comigo foi esse da Amy Gadiaga, descendente de parentes do Oeste africano que vem surgindo como bom novo nome da efervescente cena londrina de jazz. A forma como seu EP de estreia se desenha instiga, provoca sentimentos e traz até alguns delírios. (Vítor Henrique Guimarães)
Vampire Weekend – Only God Was Above Us
Não só meros cinco anos que separam o novo disco do anterior da banda, Father of the Bride (2019), mas cinco anos nos quais parece que algumas muitas vidas se passaram. Vampire Weekend, conhecida por não decepcionar em seus álbuns, usou o tempo para refinar sua musicalidade e sua mensagem, resultando em uma obra tão complexa quanto o mundo que a recebe, e atinge um patamar ainda mais alto para suas músicas. (André Felipe de Medeiros)
Luke Hemmings – boy
De maneira bastante intimista, o segundo projeto da carreira solo de Hemmings expõe as inquietudes e sentimentos que advém de questionamentos e vivências da vida adulta. Com uma melancolia bastante acentuada, esse trabalho aposta nos sintetizadores para criar uma atmosfera nostálgica e, ao mesmo tempo, confessional – proposta que já havia aparecido no antecessor, When Facing the Things We Turn Away From. Diferentemente do primeiro disco, boy apresenta uma sonoridade ainda mais concisa, que potencializa o conceito lírico. (Isabela Guiduci)
Anitta – Funk Generation
Depois de entrar para a lista dos artistas mais conhecidas do país, a carioca de Honório Gurgel sempre deixou claro qual era seu próximo objetivo: Se tornar uma representante mundial do funk brasileiro. Foram várias tentativas mal engendradas e parecia que Anitta estava atirando para todos os lados, até que ela lançou Funk Generation. Apesar do estranhamento inicial de ouvir um disco de funk majoritariamente cantado em inglês e espanhol, logo os símbolos familiares se sobrepõem ao idioma estrangeiro. O álbum passa por várias épocas da carreira da artista, criando um som explosivo, que não perde o fôlego, nem soa repetitivo. (Guilherme Gurgel)
Bruno Berle – No Reino dos Afetos Pt.2
Que álbum bonito! Como o próprio título sugere, No Reino dos Afetos Pt.2 é uma clara continuação do trabalho anterior de Bruno Berle, lançado há dois anos. E segue a mesma fórmula: Melodias leves, harmonias simples quando orgânicas, batidas suaves quando eletrônicas, e poemas falando de amor. Além, claro, da participação fundamental de Batata Boy, seu parceiro de composição e produção. Pt.2 é uma lindeza, assim como sua capa, assinada por Deborah Moreira, que também é uma espécie de continuação do disco anterior. (Diego Tribuzy)
Tuyo – Paisagem
Após o colossal Chegamos Sozinhos em Casa (2021), o trio retorna em um disco que parece ter proporções reduzidas – se é que uma obra com Arthur Verocai e Luedji Luna pode ser descrita dessa forma. Mas Paisagem, dentro da discografia que Tuyo constrói, apresenta uma dimensão sonora menos expansiva que comunica aquilo que o álbum tem de melhor: O intimismo da felicidade – “De repente, num sussurro, me ouvi dizendo: Que vontade de viver”. (André Felipe de Medeiros)
Lucy Rose – This Ain”t The Way You Go Out
Esse é o quinto e talvez mais mágico álbum da cantora inglesa. Pra quem se acostumou com a vibe quase estritamente acústica como em suas colaborações com Bombay Bicycle Club e seu álbum mais famoso, Like I Used To (2012), vê-la explorando territórios sintetizados é uma experiência curiosa e linda. Parece ser, de fato, uma mensagem de “eu preciso estar em um lugar diferente”. E, bem, é seu primeiro lançamento desde o nascimento de seu primeiro filho, Ottis (e da descoberta de uma doença rara ligada à gravidez), o que dá peso a essa mudança de estar, tanto no sentido emocional quanto no espacial. A produção ficou por conta dela e de Kwes., nome por trás de sucessos de Sampha e Solange. (Vítor Henrique Guimarães)