“Néctar” é “meio indie mineiro, meio pop latino”, conta Eliezer Gonçalves
*Esta matéria foi realizada como recompensa no financiamento coletivo do Música Pavê no Catarse. Como descrito na campanha, o site consentiu com a publicação por concordar com o material e a proposta do artigo. A redação é do próprio Música Pavê, sem interferência do artista ou de sua produção/assessoria.
Quando Néctar chegou ao mundo em junho, duas de suas faixas já davam a pista do que Eliezer Gonçalves apresentaria com este seu primeiro álbum solo: Passagem ostenta uma deliciosa levada pop com um senso “indie” de liberdade de sua construção; Já Teoria S. A. tem alma latino-brasileira em um flerte com as estéticas minimalistas que marcaram esses últimos anos. O disco parte daí e ruma a cinco outras músicas que veem esses adjetivos serem desenvolvidos no que resultou em uma coleção tão agradável quanto caprichada.
Falando ao Música Pavê, o músico mineiro conta que Néctar foi a primeira vez em que ele pôde trabalhar como gosataria ao lado de um produtor – no caso, Dudu Amendoeira. “Nos meus trabalhos anteriores, não existiu essa interação músico-produtor”, explica Eliezer, “isso demanda tempo e uma escuta aberta, e consegui ver isso na produção do Dudu. Minha música passa pela observação de si e isso sempre foi presente nos outros trabalhos”.
O tempo de observação é relevante para Eliezer e a maneira como ele quer trabalhar sua arte. Ele conta que “em um mundo de tantos estímulos, se atentar para o presente com o compromisso exclusivo de se acolher tem ficado mais distante”. Sua música convida o ouvinte para o “resgate dessa conexão
individual, de forma dançante e sem regras”, também com o propósito de “gerar identificação ao narrar os movimentos da vida, acumulados por suas andanças nas veias abertas de nossa América Latina”.
Tendo vivido em São Paulo, Espírito Santo, Chile, Bolívia e, atualmente, Belo Horizonte, Eliezer carrega em si os questionamentos naturais de quem dialoga com as semelhanças e as particularidades das regiões sul-americanas. É natural, portanto, que duas faixas de Néctar sejam cantadas em espanhol: Ponte Color e Mitad.
Mas é o seu lado mais brasileiro que fala mais alto ao longo do disco, seja na herança da música popular brasileira que está na essência de seu trabalho ou em sua participação com a cena independente de BH. “Considero meu som calmo, leve, curioso, buena onda e sobretudo carregado de uma sonoridade incomum, meio indie mineiro, meio pop latino”, conta ele ao site.
Com estes poucos meses de Néctar no mundo, o artista já começa a avaliar seu lançamento. Ele conta que o disco “tem sido bem recebido pela crítica, os elogios ficam na observação da voz calma e da dinâmica fora do convencional da música”. Quanto ao retorno do público, ele é igualmente positivo, com 130 mil execuções nas plataformas de streaming até agora. Mas é fora do online que ele vê seu trabalho se concretizar: “Considero os shows o ponto alto da minha carreira”.
Eliezer abriu recentemente o show da banda argentina Onda Vaga em Belo Horizonte, e tocou no celebrado Tranquilo, evento que apóia a música autoral e independente. Em Janeiro, ele se apresentará na Audio Rebel, importante casa no Rio de Janeiro para a música alternativa. Fora isso, ele circula por Minas Gerais em dois formatos de show – um solo e outro com banda -, e afirma: “De fato, os shows que vêm acontecendo têm sido meu maior prazer”.