Beach Fossils – Don’t Fade Away

É interessante como Don’t Fade Away é um videoclipe que parece prorrogar não uma estética, mas um espírito dito indie – aquela melancolia apática (se é que essa dicotomia é possível), um mal humor classe média branca – que se mostra aqui mais datado do que de costume. Há, porém, um eco ou outro de uma vontade de viver que condiz mais com o mundo em 2023 – época em que Beach Fossils segue em atividade.

Em tempo: É fácil falar isso de fora, sem estar dentro da mente do artista e sem observar como se dá seu processo criativo. A música, e todo o vindouro disco Bunny (com lançamento em 02 de junho), chega com a informação de que Dustin Payseur nunca esteve tão vulnerável em sua arte. Ao mesmo tempo, a escolha de cores, enquadramentos e lentes do vídeo remetem diretamente ao que recebíamos – dele e de tantos outros – há uma década ou mais, quando esse tipo de som já era há algum tempo tido como nostálgico.

A relevância de tratar dessa questão temporal para Don’t Fade Away é que a atitude blasé é hoje um tanto “anacrônica”. E, se a intenção do clipe – sob a direção de Kevin Clark – era ir ao encontro da pulsão de vida de nossos dias ao mostrar Dustin dançar até o amanhecer, a obra marca mais por seu caráter noturno do que ensolarado. E, em 2023, nem todo mundo se dá ao luxo de escolher um modo de vida marcado pela inércia.

Avaliação MP:  3/5