Terno Rei e a Celebração da Nostalgia
Quando a pandemia começou, Violeta, o terceiro álbum da discografia da banda Terno Rei, tinha um pouco mais de um ano, e os paulistanos já começavam a sentir um “siricutico”, como descreve Ale Sater, vocalista e baixista do grupo. Com o isolamento social e a interrupção dos shows de uma turnê que estava a pleno vapor, o quarteto começou a se movimentar. “A gente não sabia quanto tempo a pandemia ia durar, mas era ideal para a gente começar a compor e fazer coisa nova, até para respirar, para satisfazer também”, conta Sater ao Música Pavê.
Essas experimentações resultaram no Gêmeos, álbum lançado no começo de março, cujo conceito é marcado pelo equilíbrio encontrado na dualidade. “O disco tem músicas tristes e músicas felizes, que reforçam essa ideia de tudo ter dois lados”, diz Ale.
“Sad” Bruno, guitarrista da banda, explica como o grupo encontrou as referências do disco: “A gente ficava o dia inteiro em casa, ouvindo música 24 horas… Uma hora esgota a fonte, aí você olha para trás”. Em meio a Alanis Morissette, Everclear, Radiohead e Yo La Tengo, a nostalgia foi um dos nortes de Gêmeos.
No entanto, as doze faixas, desenvolvidas ao longo de um ano e quatro meses, vão além do saudosismo e abrem novas portas para a sonoridade do grupo. O dream pop e o shoegaze de outrora agora dividem espaço com algumas faixas de roupagem mais pop. E a parte instrumental também inova com a presença de um saxofone e de um quarteto de cordas, fazendo a banda testar novas águas. “A orquestra foi uma parte bem emocionante, ver as meninas [Anadgesda Simoni Guerra, Carla Grisolia Zago, Rebeca Friedmann Zetzsche e Karina Romanó Santos] gravando e tal, é uma coisa que a gente nunca tinha feito”, diz Bruno.
Paralelamente, esses passos também se refletem na identidade visual da banda. Em doze anos de carreira, é a primeira vez que a banda formada por Ale, Bruno, Greg e Loobas aparece na capa de um de seus trabalhos. “A gente tentou essas fotos sem o [efeito] borrado, mas tava ficando muito boyband. Aí a gente teve essa ideia de fazer esse borradão. O verde, o azul… Ficou muito bonito assim. Transmite bem a vibe do disco”, comenta Bruno.
Quanto aos videoclipes da nova fase, para Ale, a produção de Dias da Juventude, o primeiro single de Gêmeos, “talvez seja o nosso melhor clipe. É mais fácil fazer um clipe estético. Mas a gente se arriscou e tem uma historinha ali… Um menino se mudando e tal, e isso é bem nostálgico. Na época dos anos 2000, tinha muito clipe assim”.
Recentemente, Terno Rei se apresentou pela primeira vez na edição brasileira do festival Lollapalooza. Em 2015, a banda já havia participado de outro festival de grande porte, o Primavera Sound, em Barcelona. Comparando as duas experiências, Bruno explica que na Espanha “foi super legal, porém desta vez no Lolla, tocando no palco principal, foi uma pressão muito maior. E tocando em São Paulo, nossa casa, foi uma outra brisa. Bem mais forte, mais marcante”.
Apesar da pressão, o show do Lolla foi recebido com entusiasmo pelos fãs e deu início a uma turnê nacional já com datas marcadas em todas as regiões do país. No dia 30 de abril, Terno Rei toca no Cine Joia, em São Paulo. Assim que o evento foi anunciado, os ingressos se esgotaram rapidamente, levando à marcação de uma sessão extra, esgotada também.
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