Zimbra Ressignifica o Passar do Tempo em seu Quarto Álbum, “Sala Dois”

foto por @azbrunas

Dois marcos temporais definem a produção e o lançamento de Sala Dois, quarto álbum da banda Zimbra. O primeiro deles é a década que o quarteto atravessou até chegar a este, que é seu primeiro lançamento por uma gravadora (Midas Music). O segundo, assim como todas as obras desta época, é a pandemia do covid-19, que deixou inevitavelmente suas marcas nas canções presentes no disco.

“Eu gravei meu primeiro disco aos 17 anos. Hoje, eu tenho 27”, disse o baixista Guilherme Góes durante entrevista da banda ao Música Pavê, “tudo o que a gente viveu na nossa carreira inteira é o Sala Dois, são dez anos de se entender, de sacar as referências um do outro, de solucionar as questões da banda. É um casamento que, se fosse pra ter dado merda, já teria dado (risos)”.

“Hoje, a gente consegue ver o tanto de cagada que a gente já fez, né? (risos)”, brinca Bola, o vocalista, que explica: “A gente se tornou um pouco mais realista e crítico em muitas coisas, e sabe entender melhor a nossa trajetória. A gente está mais à vontade gravando o disco”. Pedro Furtado, baterista, completa: “Só o tempo poderia nos dar maturidade. Isso se reflete não só nas músicas e na sonoridade, mas nas nossas habilidades de poder tocar os instrumentos e na nossa relação enquanto amigos, que hoje é mais forte do que nunca. Nossa relação não é só profissional, mas de carinho e muito respeito, de cuidado um com o outro. A gente sabe se comunicar da maneira mais adequada, e isso torna a experiência toda mais agradável”.

Tudo isso fez diferença ao entrar em estúdio para produzir Sala Dois, ainda mais dentro da nova estrutura na qual Zimbra se encontra. “Foi uma das experiências mais prazerosas que a gente teve tanto profissionalmente, quanto pessoalmente”, conta Bola, “é nosso primeiro disco gravado dentro de uma gravadora, que acho que é o sonho da grande maioria das pessoas que começa a trabalhar com música – aquela quantidade de equipamento e aqueles profissionais todos prontos para te ajudar. Estar dentro de um ambiente onde se respira música 24 horas por dia é mágico”.

“Nas primeiras sessões de gravação, no fim de 2020, nós quatro – que estávamos em isolamento e mal nos víamos – tivemos os primeiros contatos com outras pessoas desde o início da pandemia”, comenta Pedro, “a gente vai lembrar pra sempre desse sentimento, e algumas dessas músicas registram os primeiros momentos que a gente se reencontrou, deu risada e fez música”. “Foi um disco que nasceu na pandemia, é inevitável transparecer isso, a maioria das músicas foi composta durante a pandemia”, explica Bola, “a gente tentou de certa forma criar momentos felizes para a gente lembrar disso, ao invés só da tragédia. A vida fez a gente passar por isso, então a música traz esse período. Mas a gente registrou isso da forma mais positiva que a gente pôde, o que a gente sentiu nesse nosso encontro, mas sem se esquecer do que aconteceu – até porque é impossível”.

Vitor Fernandes, guitarrista, comenta que cada lançamento faz com que Zimbra amadureça um pouco mais: “Toda vez que a gente entra no estúdio, e acho que isso a gente vai levar pra sempre, a gente tá sempre aprendendo e vai sempre levar [o aprendizado] para o próximo trabalho”. Parte dessa maturidade é um olhar mais seguro quanto à natureza variadas de suas músicas.

“Zimbra é uma banda plural desde o nosso primeiro disco”, explica Guilherme, “a gente sempre se questionou também, lá no começo, se isso era uma loucura, um tiroteio para vários lados, mas aí a gente entendeu que a gente é essa banda aí, que faz um rock’n roll e também um groove arrastado. Durante a nossa trajetória inteira, a gente sempre teve músicas que foram para vários lados. Zimbra é isso até no Sala Dois“. “Mesmo quando a gente não sabe aonde vai ou aonde quer ir, vai soar Zimbra. A gente às vezes se pergunta no estúdio ‘o que é isso?’ e a resposta é: ‘Não sei, mas tá soando ‘nós’’ (risos)”, brinca Vitor, “resumindo: Se colocar Alok e Anthrax juntos, vai soar Zimbra (risos)”.

Curta mais entrevistas no Música Pavê

Compartilhe!

Shares

Shuffle

Curtiu? Comente!

Comments are closed.

Sobre o site

Feito para quem não se contenta apenas em ouvir a música, mas quer também vê-la, aqui você vai encontrar análises sem preconceitos e com olhar crítico sobre o relacionamento das artes visuais com o mercado fonográfico. Aprenda, informe-se e, principalmente, divirta-se – é pra isso que o Música Pavê existe.