A Novidade Tem Nome: Mari Fernandez

Cabe uma vida inteira nos quatro meses que separam o estouro do hit Não, Não Vou e o lançamento do EP Pra Lascar o Coração Vol. 1, da cantora cearense Mari Fernandez. Aos 20 anos, ela desponta como grande promessa não só do piseiro, mas do pop brasileiro como um todo. Isso porque suas músicas, ainda que tenham certidão de nascimento no gênero, ostentam um passaporte carimbado por vários outros territórios, como o funk. “Sempre falo que eu não quero me limitar”, ela disse em entrevista coletiva (na qual o Música Pavê participou), “vai vir muito trabalho não só no piseiro, a gente vai inovar bastante. Mas não posso me esquecer da sofrência, que é minha essência”.

As três músicas que compõem o novo EP já trazem algum sabor diferente e cosmopolita à sofrência narrada ao longo do repertório. “Queria algo que não fosse nem tão forró, nem tão sertanejo, mais puxado pro eletrônico com uma vibe de DJ mesmo”, conta Mari, que pontua também que a prioridade para as faixas, independente desses detalhes estilísticos, era que elas fossem interpretadas “com todo sentimento”: “Eu tive o dia certo pra entrar no clima e gravar [cada música]. Entreguei todo meu sentimento nesse EP e é isso o que quero buscar nos próximos lançamentos: A essência da sofrência passada na voz”.

“As três músicas se ligam e contam a história de um relacionamento, com suas fases”, explica a cantora, “começa com a pessoa iludida, pensando mais na outra do que nela mesma (Marionete). Ela não percebe, mas as pessoas ao redor vêem que ela tá amando muito por dois, que não tá recíproco. Aí entra a fase do sofrimento (Saudade Carinhosa), mas aí ela percebe que o que ela tá sofrendo agora, a outra pessoa vai sofrer depois, porque é só sofrimento e remorso. Aí, vem a superação, quando ela percebe que é melhor do que aquilo (Lascar seu Coração)”.

Mari conta ter participado de “praticamente tudo” na produção do EP, incluindo a composição de Saudade Carinhosa – “fiz questão [de compor], mesmo com a correria de estar em programa de TV e dando entrevistas”. Essa nova rotina da artista, recém-assinada com a Sony Music, nasceu da noite pro dia em meio a uma pandemia, que, curiosamente, ela comenta ter sido impulsionadora de seu sucesso: “As pessoas ficaram em casa, sem shows, e consumiram muita música nas plataformas digitais”. “Foi o melhor momento para quem era novo se lançar – a garotada, como eu, investiu e a Internet abraçou de verdade”, explica ela, que, com grande empolgação com o que tem vivido, comenta: “Quantos artistas com anos de carreira queriam estar aqui e não tiveram a oportunidade ainda, quantos amigos meus sonham com isso e eu estou tendo essa oportunidade. Eu tenho só 20 anos, imagina o que eu vou ter vivido aos 30, com dez anos de carreira!”.

“Meu sonho não começou há quatro meses, só a minha carreira”, diz ela, “eu quero cantar desde os sete, oito anos”. O sonho de realizar grandes shows continua, depois de tantos anos se apresentando primeiro em frente o espelho “com uma escova de cabelo na mão”, depois na escola e na igreja, e hoje menciona a vontade de preencher com sua banda o enorme palco do Rock in Rio. Ao ser perguntada sobre parcerias, ela revela que lançará em breve um funk com DJ Guga e que adoraria gravar com Gilberto Gil (“iria me engrandecer muito, ficaria lisonjeada”). Sem surpresas para ninguém, Mari confessa que a maior vontade seria uma parceria com Marília Mendonça, “mas acho que o brasil não tá preparado pra isso não, porque pensa na sofrência, ia ser pesada (risos)”.

Curta mais entrevistas no Música Pavê

Compartilhe!

Shares

Shuffle

Curtiu? Comente!

Comments are closed.

Sobre o site

Feito para quem não se contenta apenas em ouvir a música, mas quer também vê-la, aqui você vai encontrar análises sem preconceitos e com olhar crítico sobre o relacionamento das artes visuais com o mercado fonográfico. Aprenda, informe-se e, principalmente, divirta-se – é pra isso que o Música Pavê existe.