Na Quarentena, Sound Bullet Também Trabalha “De Casa”

foto por pedro guarilha

O trabalho remoto – ou home office, em brasileiro -, é certamente um dos grandes marcos de 2020. Afinal, em meio a uma pandemia, produzir e se relacionar com seus colegas de trabalho através de chamadas de vídeo é a norma quando estamos de quarentena. Isso vale para as mais diversas atividades, e as bandas não escaparam disso.

Sound Bullet é uma delas, que colocou seu ótimo Home Ghosts no mundo durante a pandemia e, não podendo fazer shows, abraçou o tal home office no projeto de.casa. Nele, os cinco membros do grupo, cada um diretamente de seu lar, produziram juntos novas versões das músicas que ouvimos no disco. A experiência de trabalhar à distância tem sido “curiosa” para a banda: “É divertido, porém desafiador, porque não estávamos acostumados com isso e ninguém esperava fazer algo assim”, como contou o guitarrista e vocalista Guilherme Gonzalez ao Música Pavê, “fomos aprendendo aos poucos, mas acho que chegamos a uns lugares bem legais”.

Os novos arranjos nas gravações de de.casa foram pensados “como se fôssemos tocar essas músicas no palco”, comenta Guilherme, “Hope, por exemplo, tem muitos elementos no disco que não faríamos ao vivo, então pensamos como ela estaria se fôssemos fazer um show hoje”.

Produzido por Patrick Laplan, Home Ghosts é uma obra que mostra o quanto Sound Bullet quis experimentar e incorporar essas novidades no estúdio. “Vamos variando as coisas que fazemos com o nosso gosto no momento”, conta o vocalista, “tem detalhes de NeoSoul em Home Ghosts, que muita gente nem vai perceber, mas que colocamos em várias músicas. E tem coisas de hardcore que também entraram nesse disco, e mais novidades virão nas músicas novas”.

“A recepção [do álbum] foi muito boa e diferente do que esperávamos, por ser tão diferente do primeiro. Ele está em inglês, com outras referências, e momentos um pouco mais crus que são também um pouco mais sofisticados. O pessoal gostou muito na época que saiu, recebemos muitos comentários positivos. Por isso, ficamos mais confiantes e nos demos mais liberdade para trabalhar [no de.casa]. No desafio de colocar elementos mais diferentes na música, ficamos mais ousados para experimentar com essa recepção legal que recebemos”.

O lançamento mais recente da série caseira é Dance Tak Dance, que teve participação de Monollogo, trabalho solo de Caio Weber (vocalista da banda curitibana Cefa), que ficou amigo da banda durante uma turnê no Rio. Estar trabalhando nas novas versões é também uma oportunidade de estar com os amigos, como explica Guilherme: “Acho que o que eu sinto mais falta [durante a pandemia] é podermos estar juntos. Revendo os vídeos de making of do álbum, parece que já tem quinze anos que as gravações aconteceram, porque não nos encontramos pessoalmente para nada mais nesses últimos meses, foi tudo pelo computador”.

Esse período à distância tem sido frutífero para a banda também porque Sound Bullet gosta de ter sua criatividade instigada, como os novos arranjos mostram, e obstáculos como o trabalho remoto servem também para isso. “Um desafio que temos é o de fazer um som que não seja muito difícil, e que seja sempre gostoso de ouvir”, conta Guilherme, “gosto de botar desafios assim para resolvermos, acho legal brincar com isso”.

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