Octavio Cardozzo, Tal Qual Todo Mundo, Tá Mal

TÁ TODO MUNDO MAL!, em maiúsculas e com direito a exclamação, é o nome do disco que Octavio Cardozzo lançará ainda neste ano. Se ainda não ouvimos a obra completa, os três singles já lançados dão uma boa ideia do que encontraremos neste que é seu segundo álbum. Digo isso musicalmente, porque com um título desses, não há muita dúvida do que ele comunica (muito menos sobre como ele explica o que é estar no Brasil em 2020).

Falando ao Música Pavê, o músico mineiro brinca: “A gente já tá mal há um tempinho, né?”. Ele explica que a faixa que nomeia o disco data do fim de 2018, “quando a gente estava um pouquinho menos pior”. “Ela fala de uma forma divertida de todas as coisas que estão nos fazendo mal, mas nos trazendo para um lugar romântico”, conta Octavio, “é sobre estar enfrentando tudo sem ter um amor, sem ter alguém por perto”.

Esse conteúdo romântico aponta para uma direção que o artista segue, que é a da tradição da canção popular brasileira. “Ao invés de dizer que sou cantor, prefiro dizer ‘intérprete'”, explica ele, “gosto do cuidado com as palavras e com o olho no olho nos shows, não tem nada mais maravilhoso que isso”. Há uma grande intenção de comunicação em seu trabalho, o que acabou sendo um pilar na construção do novo disco.

“O anterior tem muita instrumentação e muita informação em 18 músicas, a assimilação demora um pouco”, segundo Octavio, “e acho que isso é natural de primeiro disco, você está ali querendo mostrar tudo o que você acumulou de experiência e joga tudo ali. Só que sempre foi da minha vontade ser um artista popular. Acho que, se as pessoas gastam tanto tempo me ouvindo, entrando no meu perfil e querendo saber do meu trabalho, então eu também quero ouvir as pessoas. E, para que isso acontecesse, eu tinha que me expor”.

Âmago, meu disco de 2017, apesar de ter esse nome e falar sobre mim, tinha mais questões externas, seja política ou sobre o carnaval. Era um processo de exteriorização. Nesse meio tempo, fiquei doente, tive algumas crises de ansiedade, fui diagnosticado com transtorno do pânico. Nesse processo de tentar entender por que estava daquele jeito, vi que precisava me comunicar melhor com as pessoas, que o que fazia sentido mesmo pra mim dentro da música e do trabalho artístico era a conexão, era dizer e ser entendido”.

Ao lado de seus companheiros de banda – Octavio insiste que ele, Camila Rocha, Gabriel Bruce e PC Guimarães (esses últimos, arranjadores e diretores musicais do disco) formam um “coletivo” – e de várias participações especiais, o músico investiu em sensibilidade, expondo sua fragilidade e seus desejos, tanto para si quanto para o mundo. “Um dos grandes problemas culturais, políticos e sociais de hoje é que as pessoas não se escutam e não se compreendem”, explica ele, “então, eu queria mesmo efetivamente falar, ser ouvido, mas também ouvir as pessoas” – afinal, tá todo mundo mal mesmo.

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