Novo Fase Mostra como Agnes (Já) Evoluiu como Artista

foto por joão marques

É fácil perder de vista que Agnes tem apenas 18 anos de vida, seja ao olhar para sua jornada até aqui ou ao notar a maturidade com que ela enxerga seu trabalho. Prova disso é o single Rio, o primeiro revelado de seu futuro EP, Romaria, que mostra como sua – ainda muito breve – discografia já apresenta um amadurecimento genuíno.

Isso porque esta nova fase é marcada por uma estética musical muito mais parecida com o que Agnes Nunes tem ouvido – gente como SZA, Daniel Caesar e Rihanna. Falando ao Música Pavê, a cantora baiana comenta que essa sonoridade R&B “é uma coisa que sempre existiu em mim e precisava só de um empurrãozinho para dizer ‘vai’, sabe? É o que eu sinto no meu coração, é o que eu sinto de verdade que pega ali, que bate mesmo”.

O tal “empurrãozinho” é o quanto ela viveu nesses últimos dois anos, uma carreira intensa de acontecimentos que a colocaram para aprender diretamente de gente como Chico César, Tiago Iorc e até a Família Lima, além de Xamã, com quem lançou cinco faixas. “Eu costumo dizer que eu não sou a mesma cantora de dois anos atrás, por consequência do quanto eu aprendi com as parcerias”, conta ela, “todo dia eu aprendo um tiquinho mais, aprendo com gente que sabe mais do que eu. Acho importante ter humildade pra saber escutar quem sabe mais do que você, então é isso o que eu sempre busco com essas experiências”.

Munida desse repertório de vida, ela desenhou este seu próximo EP. “Romaria nasceu depois de muitas reuniões e pensamentos, principalmente quando a pandemia começou e a gente precisou se reinventar e se adaptar que nem camaleão”, comenta Agnes, “o título vem da peregrinação que algumas pessoas fazem em busca de um santuário. Nesse sentido, ‘romaria’ significa a busca que faço de mim mesma – no caso, o santuário sou eu mesma”.

Assim como Rio, as outras faixas do disco também ganharam nomes de cidades que encantam a artista. “Lisboa, que é o próximo lançamento, fala de um amor leve, inocente, mais adolescente. São Paulo fala sobre um amor de correria, de querer se encontrar com a pessoa no meio dos afazeres. E Rio fala sobre desilusão amorosa – não que eu tenha me baseado em uma desilusão minha, porque eu ainda tenho só 18 anos e não tenho tantas histórias de amor para contar. Mas sempre busco ouvir de pessoas mais velhas, que já tiveram mais experiências, para escrever as minhas músicas”.

“A única [cidade] que ainda não visitei é Hiroshima. A música nasceu de um sonho, em que vi a cidade renascer das cinzas – que foi o que aconteceu. E acho que isso é muito o que a gente está fazendo durante esse isolamento: A gente renasce todos os dias”. 

Fica claro que, das vivências musicais, a mais preciosa tem sido a de autoconhecimento que Agnes tem ganhado – a tal Romaria que ela mencionou -, notando diferentes nuances de si mesma. “Eu sofro que é uma beleza!”, brinca ela, “sou muito sentimental, pego as dores, tudo me comove. Sou muito sensível a tudo, então eu puxo o máximo de cada momento: Se eu estou triste, escrevo uma música, se estou feliz demais, escrevo um poema que uma hora vai virar música… Estou sempre tentando tirar algo artisticamente das coisas que acontecem na vida”.

“Para mim, música é a base de tudo”, revela Agnes, “eu digo que arte é meu coração e música é o sangue que tá pelo meu corpo”. E se Romaria mostra um novo momento estético em meio aos seus lançamentos, é porque a artista está sendo cada vez mais ela mesma. Em suas palavras: “Eu sempre busco estar muito confortável e não sair de quem eu sou, não me perder na caminhada”.

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