O Mundo em Seu Momento de “Pausa”
Não é de hoje que o produtor Diogo Strausz e o cantor e diretor Jacob Perlmutter trabalham juntos, mas esta foi a primeira vez que os dois, assim como todos nós, realizaram um lançamento com um planeta em suspensão – ou em Pausa. Me refiro ao curta musicado por Strausz e comandado por Perlmutter, ambos trabalhando à distância com diversos outros profissionais – tanto instrumentistas, quanto cineastas – para registrar poeticamente a estranheza do momento que passamos globalmente.
“Quando fiz a música, a primeira ideia era mostrar os músicos em confinamento”, conta Strausz ao Música Pavê, “Jacob sacou o sentimento e a questão que estava movendo a criatividade. Foi então que ele deu uma nova solução criativa para aquilo tudo, mostrando como as cidades estão durante a pandemia”.
Esse desenvolvimento do projeto é um processo com o qual ele está bastante familiarizado: “No momento que você senta para começar a ideia, dificilmente tem uma consciência tão clara de seus desdobramentos”, explica o produtor e compositor, “é saudável no exercício criativo que você o deixe aberto para as possibilidades das próximas etapas. Pausa teve um processo meio amarrado, meio não amarrado. Alguns instrumentistas sugeriram coisas inesperadas que me ajudaram a chegar mais perto de passar a visão que eu já tinha”.
A música reuniu gente como Maria Beraldo, Patrick Laplan (2BUNK) e João Erbetta, espalhados por três países. Para o filme, foram 18 cineastas, todos em cidades diferentes, trabalhando imagens de drones que revelam “um retrato do espaço urbano esvaziado pela pandemia”, explica Strausz, “mesmo sem nomear as cidades, e mesmo se você não reconhecer o lugar, percebe que é algo que estamos todos vivendo em comum”.
Existe um subtexto na mensagem de Pausa que é a de como os artistas podem se manter criativamente ativos durante seus confinamentos. “Minha esposa sempre fala que esse momento de pandemia é um ‘acelerador de futuros’, no sentido de que existem várias ferramentas que já estavam disponíveis e, quando bateu o isolamento, todo mundo se obrigou a recorrer a elas”, comenta ele, “é muito poder nas mãos e muito poder sendo usado para o bem. São ferramentas que já estavam aí, mas as circunstâncias mudaram e a gente quer continuar junto”.
“Fiz a composição na sala de casa e decidi produzi-la remotamente com minha rede de contatos. Quando mandei email de agradecimento pra galera que trabalhou nela, o clima já era de vitória, por tudo ter sido realizado com pessoas que nem se conheciam. Parece que o lance foi o de se isolar fisicamente, mas não socialmente e espiritualmente”.
Curta mais de Diogo Strausz e de Jacob Perlmutter no Música Pavê