Sobre a “Briga de Família” que Vovô Bebê gravou em disco
Pedro Carneiro, compositor e produtor por trás do projeto Vovô Bebê, contou ao Música Pavê que era de se esperar que um terceiro tivesse um olhar menos introspectivo. Isso porque o recém-lançado Briga de Família chega após dois discos que ele descreve como “ensimesmados” – o homônimo de 2015 e Coração Cabeção (2017).
Ele, que compõe desde muito novo, foi lançar seu álbum de estreia apenas em 2015 – “um pouco tarde”, em suas palavras. Por isso, o primeiro disco e seu sucessor traziam “questões internas que eu tinha que trabalhar”, como ele conta: “Foi um nó muito importante que eu tinha que desatar. Meus [dois primeiros] discos vieram de uma depressão em torno das minhas histórias familiares. Esse agora é mais sólido, tem uma identidade mais forte, um conceito. Os outros eram mais ‘eu preciso fazer esse disco’ (risos)”.
“Eu tive o espaço para resolver minhas questões internas, a urgência agora é de se ‘juntar em famílias'”, conta Pedro. “O nome [Briga de Família] tem muito a ver com a época que a gente vive, com entidades como família e pátria sendo muito simbólicas”, continua ele.
Ao contrário das obras anteriores, nas quais ele gravou quase todos os instrumentos, o produtor montou sua própria “família” de músicos para acompanhá-lo no álbum. “São pessoas que fazem parte da minha vida musical mesmo, gente que eu já gravei no estúdio ou com quem já toquei”, explica Pedro, “a ‘briga’ vem das pessoas serem de escolas musicais totalmente diferentes. Tem a Ana [Frango Elétrico], que é essa figurinha que nem tem como descrever muito, muita intuitiva e solta. O Gui (Guilherme Lírio), do baixo, vem do soul. E tem um pessoal mais do rock, mais soltão”.
Como é esperado, essa soma é traduzida sonoramente em uma obra cheia de nuances e contrastes, que reflete também os muitos lados musicais de Pedro Carneiro. “Eu trabalho no estúdio com muita coisa diferente uma da outra, me sinto um peão da musica mesmo”, conta ele, “é óbvio que todos esses trabalhos me inspiram muito. Tem também meu trabalho como músico acompanhando artistas que me inspiram com o jeito que eles fazem e lidam com as coisas. Mas o meu lance é que eu acho que vou fazer isso pro resto da vida. Eu componho muita coisa, é o que eu mais gosto de fazer. Por menos que elas sejam comunicativas a um grande púublico, são muito naturais pra mim. Sinceramente, estando num hype ou não, me vejo fazendo muitos discos ainda”.
Curta mais entrevistas no Música Pavê