Vitão: “Tô apaixonado pelo meu próprio disco”

“Arrisco dizer que esse é um dos dias mais felizes da minha vida”, disse Vitão durante um pocket show na festa de lançamento de Ouro. Se colocar um primeiro disco no mundo é um grande marco em qualquer carreira, no caso do cantor paulistano ele vem como a coroação depois de muito trabalho em 2019, um ano que, não por acaso, foi muito especial para a música pop do Brasil.

Horas antes da festa, Victor Carvalho Ferreira falou ao Música Pavê em meio a uma tarde de compromissos com a imprensa. Ele conta que o ano passado, quando lançou EP e diversos singles e parcerias, “foi uma introdução ao meu trabalho: Quem eu sou, como eu canto, o que eu gosto de falar. Mas o álbum tem um peso muito maior até nisso. Todas as músicas têm embasamento na minha vida, é tudo muito íntimo. Ele é 100% o Victor, ou o Vitão”.

Ele explica que é um lançamento “muito valioso que eu esperei muito pra acontecer. Acho que o nome Ouro acabou se encaixando perfeitamente para o que o disco é pra mim, e vai atrair muitas coisas boas”. Sorrindo sempre que começa a falar sobre a obra, o músico disse também logo que iniciou o pocket show: “Tô apaixonado pelo meu próprio disco”.

Vitão comenta que, ao mesmo tempo, sentiu uma “pressão gigante” enquanto compunha esse repertório. “Fiquei nervoso, tinha dias que eu estava super travado para compor”, conta ele, “senti o peso de que agora eu teria que dar tudo de mim, mostrar quem eu sou e pra quê eu vim”. Tem a ver também – e ele concorda com a ideia – com tudo ter acontecido muito rápido em sua carreira.

Não chega a um ano e meio o intervalo entre seu primeiro single, Tá Foda, e o lançamento de Ouro. No meio tempo, Vitão acumula parcerias com Di Ferreiro, Projota e Zeca Pagodinho, além de Rael e Anitta (que estão no disco). “Eu não tenho noção da dimensão dessas coisas”, revela ele.

“Rael é uma pessoa muito alegre, sempre aprendi muita coisa com ele. Se pá é minha maior inspiração desde sempre. Quando comecei a escrever e a cantar, Rael era minha maior referência, tentava escrever igual ele. Aprendi com ele ao longo da minha vida inteira sobre ser artista, cantor, compositor… E com Anitta, ela é uma pessoa que tem total controle da carreira na mão. Ela pensa tudo o que vai fazer, desde o marketing até a parte musical e os shows, tudo sai da cabeça dela. Eu antes não era muito assim. Eu era ‘música, música, música’, e o resto eu deixava nas mãos dos outros. Com ela, eu vi que isso não funciona, não é o melhor caminho a ser seguido. Ela também é uma pessoa muito generosa, sempre estende a mão para artistas em começo de carreira”.

Voltando ao assunto do disco, Vitão conta que Ouro foi “90% produzido em cima dos meus arranjos no violão. Todas as músicas tiveram violão ou guitarra gravados, o que traz uma parada mais orgânica a um trabalho com bastante elemento eletrônicos”. É fácil perceber, seja ao ouvir o disco ou ao vê-lo no show, que seu bom gosto na instrumentação está em par com o que o pop contemporâneo tem feito, de Khalid a Lauv, passando por Charli XCX e a onipresente Billie Eilish. Sendo ele daqui, aquele aspecto brasileiro, praiano e veraneio – do violão, do reggae, do sangue latino – está sempre presente ao lado dos beats.

E sua inserção no mainstream é plena, inclusive no que não diz respeito à música. A parceria com Anitta (Complicado, um dos trabalhos mais caprichados do pop brasileiro recente) ganhou mais holofotes e comentários pelos beijos no clipe do que pela música – como evidenciaram as outras entrevistas feitas para a promoção de Ouro, que se concentravam mais em falar de fofocas, cabelo e até nudes do que sobre música.

Mas vale a pena querer acreditar que seu talento fala mais alto do que fotos sem camisa na hora de agregar mais de dois milhões e meio de pessoas no Instagram. “Seguidores é o menos importante quando se trata de música, né?”, comenta ele quanto toco no assunto, “sempre acreditei muito nos meus sonhos, sempre pensei em coisas grandes e trabalhei pra isso. No fim, por incrível que pareça, as coisas aconteceram”.

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