Tchelo: “Queria entender meus potenciais como artista”

foto por sidnei miranda

É sempre interessante notar um rosto familiar, que conhecemos de um trabalho em grupo, também em um projeto que leva seu próprio nome. Uma das dinâmicas resultantes desse processo é percebermos o quanto a parte contribui para a soma, o quanto da música feita em coletivo tem daquele indivíduo.

A carreira solo do paulista Tchelo é um desses casos. Natural de Jandira, na Grande São Paulo, ele ficou conhecido como integrante do coletivo Quebrada Queer, que promove a inclusão geográfica (da periferia) e social (dos LGBTQI+) dentro da música. “Meu trabalho solo mostra mais a minha personalidade, não é só militância”, contou o artista ao Música Pavê, “não quero limitar os discursos que partem de mim. Quero falar de amor, das minhas vivências e de positividade, por exemplo”.

Esse é o conteúdo que encontramos no recém-lançado EP 3, produzido por Dinho Souza (BaianaSystem, Rico Dalasam, Larissa Luz), que, em suas palavras, “traduziu o que eu estava sentindo em beats”. “Queria dar continuidade ao que já fiz antes, com e sem o Quebrada, mostrando o quanto evoluí artisticamente como compositor e cantor”, conta Tchelo, “queria entender meus potenciais como artista e mostrar um pouco mais da minha personalidade e versatilidade”.

“No Quebrada, nós somos vários, cada um tem sua personalidade”, explica o artista, “isso nos dá mais voz e visibilidade, ao mesmo tempo que cada um ali tem muito o que falar dentro de sua individualidade e das suas vivências. Fica limitado estar só ali”.

O que os dois projetos acabam tendo em comum, além da voz de Tchelo, é a representatividade, através da identificação do ouvinte com o que ouve nas músicas e vê nos vídeos. “É muito legal poder trocar com as pessoas”, conta ele, “elas falaram que, no clipe Encaracolado, se viram ali. Eu quis levar diferentes corpos ao vídeo para mostrar que sempre há beleza, independente da sua cor, forma e textura”.

Para o futuro, Tchelo conta que quer “continuar mostrando minhas vivências, mas trazendo outras pessoas para o processo”. Mais uma prova de que, se você sabe a força que um trabalho em grupo pode ter, nunca estará sozinho, mesmo quando solo.

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