Rubens da Selva: “Todo disco fala sobre amor”

foto por lua wagner

Uma das surpresas mais legais das últimas semanas foi o disco Existe um Cachorro Faminto na Minha Barriga Latindo pra Você. O nome atrelado à obra, Rubens da Selva, pode parecer inédito para alguns, mas é alguém que conhecemos de longa data nos projetos Mustache e os Apaches, Mescalines e (mais recentemente) Os Barbapapas.

“O título do disco saiu de uma canção de amor”, contou ele ao Música Pavê por telefone, “eu estava apaixonado por uma mulher, a gente estava dormindo junto, minha barriga roncou e não tinha nada na geladeira. Foi uma brincadeira na hora, mas virou uma letra de duplo sentido que surgiu do amor mesmo”. Ao comentar mais sobre a obra e seu conteúdo, o músico gaúcho diz: “Todo disco fala sobre amor, porque amor pode ser também pela humanidade, não só sobre alguém”.

As oito faixas do disco mostram um Rubens apaixonado pelo Brasil e sua cultura, mesclando estéticas de diversas regiões do globo para retratar um país diverso e geograficamente latino. “A música cigana não é brasileira mas a gente tem uma identidade semelhante, de misturar a música indígena, a música espanhola, a música africana”, comenta ele, “acho mais legal conectar isso do que enlatar apenas um estilo gringo. Gosto de fazer uma música regionalista”.

“A música da América Latina é muito rica em todos os sentidos, inclusive em força e em união”, diz Rubens, “onde eu nasci, no Rio Grande do Sul, a gente tem mais essa conexão com Argentina e Uruguai através da música, do sotaque e de algumas expressões em comum. Eu acho que não tem como separar isso tudo. Pode ter separação política, mas não cultural. Quando derrubam todos os governos de esquerda da América Latina, cresce nosso senso de união”.

Rubens enxerga uma volta da música de protesto e da canção latino-americana. “Acho que essa identidade tem que ficar forte em todos os lados, de conexão com as nosas raízes”, explica ele, “mas não ser nacionalista, porque fronteira é uma barreira politica”. 

Cantando sobre o amor à humanidade ao discutir agrotóxicos, reforma agrária e resistência, Existe um Cachorro… não esconde em momento algum também o tom romântico com o sentido mais comum do termo. “Você faz uma revolução, mas, quando tudo estiver estabilizado, você vai querer ficar com alguém”, conta Rubens, “não tem esquerda ou direita, todo mundo já se apaixonou. Falar de derrubar um governo pode parecer ficcional, mas falar de amor é sempre verdadeiro”.

Curta mais de Mustache e os Apaches no Música Pavê

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