YMA: “Pluralidade está na minha identidade”
“A vida inteira, eu achei que ia ser percussionista de orquestra” – YMA é uma dessas artistas cuja criatividade foi lapidada ao longo dos anos em diversas frentes, com uma formação em artes integradas e uma intensa preparação dentro da música erudita. Aos 26 anos, a paulistana lançou agora em janeiro seu primeiro álbum, Par de Olhos, que revela algumas nuances de sua imaginação. Como ela mesma disse, “a pluralidade está na minha identidade, isso de ter várias linguagens”.
Falando ao Música Pavê por telefone, a cantora e compositora comentou um pouco de sua trajetória nas artes, iniciada as cinco anos de idade, quando foi matriculada em uma escola de iniciação artística, “onde tive contato com todo tipo de arte. Por isso, a inspiração para mim vem ‘tudo junto’, se faço música ou pinto. Acho que todas as ferramentas ajudam na expressão do que eu estou sentindo. Gosto de investigar esse lugar do subconsciente, de explicar de forma imagética aquilo que eu sinto”.
Foi o desencanto com o meio erudito que aproximou YMA da música pop. “Tive uma frustração muito grande com o meio, que só hoje eu fui perceber que era algo que vinha do machismo. Na época, era só uma grande frustração que eu sentia, de não conseguir chegar em lugar nenhum, só frustração atrás de frustração”. Aproveitando o quanto gosta de escrever, decidiu entrar no território da canção – “tem sido bom sentir as palavras”, conta ela.
Ela comenta também que, para o futuro, espera trazer mais mulheres para dentro do seu trabalho – o clipe de Summer Lover (parceria com Gab Ferreira), já traz a questão da representatividade feminina. Entre as artistas com quem gostaria de trabalhar, ela menciona Luiza Lian, que ela acredita ter uma força que agregaria muito às suas músicas.
O som que YMA apresenta em Par de Olhos é um pop lisérgico, sem pressa de ser construído, na contramão de grande parte da produção de hoje. “Eu sinto que eu não pertenço muito aos dias de hoje, principalmente com redes sociais”, comenta ela, “adoro criar para Instagram – quer dizer, é uma relação de amor e ódio que eu tenho (risos) -, adoro pensar na imagem, criar, mas não gosto da demanda, dessa urgência toda. Não me sinto à vontade criando assim e não sei como as pessoas conseguem (risos)”.
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