Alguém Ainda Duvida da Força do Rap no Brasil?

Baco Exu do Blues é um dos grandes nomes da música brasileira em 2018 pelo lançamento de seu segundo disco, Bluesman, mas, para ser justo, o rapper já é aclamado por crítica e público desde o ano passado, quando lançou seu trabalho de estreia, Esú. Quando expandimos um pouco mais a visão, notamos que não só ele, mas toda a geração de rappers da última década tem se destacado ano após ano.

Logo no começo de 2018, tivemos o álbum Crise, de Rashid, além das estreias de Edgar com Ultrassom e Drik Barbosa com Espelho. Em 2017, Rincon Sapiência lançou o ótimo Galanga Livre e o coletivo feminino Rimas & Melodias – que tem a participação de Drik e Tássia Reis – divulgou o seu álbum homônimo. 

Ainda Há Tempo, Convoque Seu Buda e Nó Na Orelha, todos de Criolo, foram lançados em 2016, 2014 e 2011, respectivamente; enquanto Emicida divulgou Sobre Crianças, Quadris… em 2015 e O Glorioso Retorno… em 2013.

A lista é extensa e ainda tem nomes como Karol Conka, Rael, Projota, Rico Dalasam, Djonga, Coruja BC1, Fióti, Don L e Luccas Carlos, entre tantos outros, que lançaram discos, EPs e singles nos últimos dez anos. É até injusto deixar alguém de fora, mas a verdade é que o rap brasileiro tem produzido muito material, não somente em quantidade, mas, principalmente, em qualidade.


Alguns destes nomes conquistaram espaços na grande mídia, enquanto outros ocupam o underground com maestria. A força do rap sempre esteve – e continua até hoje – na periferia. No entanto, é inegável que o gênero alçou novos ares e conquistou novos adeptos e lugares. Essas músicas estão nas trilhas sonoras de séries, filmes e novelas, em programas televisivos das nossas manhãs, chegando aos ouvidos de outros públicos.

Desde shows em grandes festivais – como Lollapalooza e Bananada, por exemplo – até palcos menores em todo o Brasil, o rap é visto como um dos poucos estilos musicais que ainda transcendem para além da música, fazendo uma leitura crítica do espaço/tempo em que vivemos e abrindo nossas cabeças para fora das bolhas virtuais.

O rap se caracteriza pela sua linguagem, algo que a nova geração sabe muito bem como utilizar. A renovação do gênero passa diretamente pelo diálogo com quem consome música hoje em dia. A linguagem – que não se resume apenas às palavras – ganha uma atenção especial nesta interação, que é potencializada pelo lançamento de novos materiais. Botar o dedo na ferida e se posicionar de forma bem embasada só trouxe respeito a esta turma toda.

A mistura, algo intrínseco ao rap desde sempre, também tem uma porcentagem especial na expansão do gênero para outros lugares. Emicida, por exemplo, já trabalhou com Pitty, Caetano e Vanessa Da Mata; Criolo se apropriou do samba em Espiral da Ilusão, enquanto Baco trouxe o conceito do blues ao seu trabalho.

A lista poderia mencionar muitos exemplos de artistas estrangeiros, mas não é necessário. O rap brasileiro é autossuficiente e expansível. E, pelo que vemos, ainda continuará no topo das paradas por muito tempo.

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