Cinco Discos Imperdíveis do Início de 2017

É aquilo, né, algo está no começo até chegar à metade, depois começa a terminar. E já que 2017 está prestes a iniciar seu fim com o encerramento de junho, chegou a hora de destacar um pouco do que o ano já apresentou de melhor, mas, por algum motivo, você pode ter deixado passar.

Com Kendrick Lamar, Mallu Magalhães, Fleet Foxes, Gorillaz, Lorde, Phoenix, Boogarins, Vanguart, Mac DeMarco e Harry Styles sob os holofotes da temporada, ela apresentou algumas joias imperdíveis no formato álbum. Veja qual combina melhor com seu clima hoje e aproveite.

Gabriel Garzón-Montano – Jardín

Lançado em janeiro, Jardín é o primeiro álbum do músico norte-americano de ascendências colombiana e francesa. Tão criativo quanto pop, o disco mistura tendências do indie de cunho eletrônico com um r&b delicioso em uma atmosfera sempre rica, colorida e noturna. Grosseiramente falando, é como um Justin Timberlake mergulhado na cena do Brooklyn.

E sua história é bem legal também: Ele foi tirado do obscurantismo quando Drake usou uma música sua como sampler, na época que ele trabalhava como técnico em uma turnê de Lenny Kravitz (sente a mistura). Além disso, Gabriel cresceu próximo ao renomado Philip Glass, com quem sua mãe trabalhava, então ele foi criado para fazer música bem “fora da caixa” mesmo, como vemos no álbum.

Jardín foi feito ao longo de três anos e chega bem redondinho, pronto para você curtir dançando de leve e cantando junto, sempre maravilhado com os detalhes e pequenas surpresas em faixas como Long EarsFruitflies. Fortíssimo candidado a um novo favorito.

Syd – Fin

Também do comecinho do ano (fevereiro), Fin é a estreia solo de Syd tha Kid, que conhecemos bem como a voz do grupo The Internet. Nele, a cantora trouxe o que herdou do trabalho com o coletivo com referências da música pop que ela cresceu ouvindo (em suas palavras, N*SYNC, Britney Spears e Backstreet Boys). O resultado é um disco bastante r&b e eletrônico que sabe ser criativo sem perder aquele fator pop que te faz querer ouvir repetidas vezes, sabe?

O disco é sensual, romântico e sempre muito divertido. Know resgata Aaliyah e aquele som de quinze a vinte anos atrás, mas com um tratamento bastante contemporâneo na voz e ambientação, enquanto Nothin to Somethin é uma dessas músicas que ajudam a explicar e definir o que é o r&b de hoje em dia, ou o que ele tem de melhor. Com algumas faixas bem curtinhas, quase vinhetas, entre as canções propriamente ditas, Fin termina com um de seus melhores destaques, a sincera Insecurities, uma das faixas mais apaixonantes do ano.

A maior dica é ouvi-lo com seus melhores fones de ouvido, já que você só vai aproveitar o álbum em sua maior potência podendo reparar em seus detalhes e na forma com que sua voz (e que voz, gente!) passeia de orelha a orelha. Excelente.

Momo – Voá

Diretamente de Portugal, o músico brasileiro lançou seu trabalho mais envolvente até agora. Voá é acalorado desde suas cores até seus versos, tudo adornado pela produção de Marcelo Camelo e alimentado pela sensibilidade que já conhecíamos do artista. O resultado? Um álbum daqueles que te fazem querer entrar nele e passar alguns dias habitando seu universo.

Nanã é um de seus maiores destaques, uma parceria com Wado que ganhou Mallu Magalhães nos vocais, e ela fica melhor ainda perto da canção-mais-pop-candidata-a-hit Meu Mimo. Se me perguntarem (e perguntam sim de vez em quando), Roseiras é o ponto mais alto do disco, uma música apaixonante cuja levada convida o ouvinte a acompanhar seu crescimento em volume e emoção.

Destaque também para a sensível Pássaro Azul, que ajuda a batizar a obra, com o deslumbrante diálogo dos timbres e uma métrica surpreendente – palavras que não podem ofuscar a beleza orgânica da música.

Noga Erez – Off the Radar

Assim como os dois primeiros da lista, Off the Radar combina a música eletrônica com tendências do r&b, indie e pop – seria esse o som do ano, ou mesmo da década? Ele é o primeiro álbum completo da musicista israelense que aposta em um som meio “em cima do muro” em relação ao seu aspecto dançante, o que é, na verdade, um clima ótimo.

Ela possui uma força sempre presente nas músicas que impressiona bastante, uma certa agressividade que faz seu som ser quase sadomasoquista, das mais convencionalmente eletrônicas (como Dance While You Shoot) às que aproveitam a liberdade criativa para adicionar sabores bem variados à obra, como a faixa-títuloGlobal Fear Junior.

Off the Radar é um álbum para você deixar tocando enquanto faz meio que qualquer outra coisa que necessite um pique extra, embora, assim como todos os outros da lista, mereça uma atenção especial pelo menos uma vez para você sacar bem a proposta da artista.

Richard Dawson – Peasant

Esse saiu agora em junho e, mesmo recém-lançado, fez por merecer ser citado como um dos destaques de 2017 até agora. Não é todo mundo que vai gostar de Peasant, sei disso, mas tenho certeza que aqueles que se interessarem pela estética meio exótica, meio tradicional-até-demais do músico britânico estarão diante de uma obra que causa os mais diversos frios na barriga ao longo de sua duração – até porque essa questão corpórea combina com a maneira que Dawson trabalha suas composições, arranjos e interpretações, todos amparados por um grande fator orgânico.

O mais interessante é que tudo isso vem acompanhado de um aparente senso de humor, como a introdução Herald denota. Mais que isso, parece o trabalho de um artista que ligou o tal do “dane-se” e aposta de corpo e alma em músicas que, ele bem sabe, causarão os mais diferentes efeitos no público, do afastamento ao pleno deslumbre.

Dos gritos fora do tom às guitarras sujas, Peasant é uma daquelas obras que vão te fazer perguntar o que é beleza, ou o que é que você espera de um disco contemporâneo. Ao contrário dos anteriores na lista, não é um trabalho que você conseguirá deixar tocando enquanto segue a vida. Ele rouba sua atenção quando é dissonante, quando é quase medieval ou quando expressa sentimentos de maneiras tão cruas que você simplesmente precisa parar para escutar um pouco, em respeito à grandeza disso tudo.

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