Cinco Músicas que Você Não Ouve desde 2002
Para uma geração tão sedenta em fazer história, é de se questionar a qualidade da música que mais fazia sucesso há exatos quinze anos, em um distante (e aparentemente irrelevante) 2002, visto que seus hits foram ainda mais efêmeros do que de costume.
É claro que a nostalgia fala mais alto e nos sentimos “em casa” com esses sons que nem sabíamos que deixariam algum resquício de saudade, da mesma forma que percebemos, assim que paramos para pensar, que estas músicas não tiveram qualquer impacto em nada maior do que os repeats em uma época quando a Web ainda não era a principal maneira de audição. Ouvi-las hoje nos ajuda a entender o que aconteceu.
Linkin Park – In the End
Como um amigo comentou recentemente, Linkin Park era o tipo de banda que fazia a molecada pensar que estava ouvindo algo muito único, muito inédito. Analisando hoje, músicas como In the End pareciam catalisar todos os elementos que um adolescente ligado ao mainstream queria ouvir, de um pós-grunge de grife , desenhado sob medida para vender muito, a um clima emo que dominaria a cultura jovem nos anos que ali seguiram. Tanto seu público cresceu, quanto seu som ficou datado muito rápido – seu videoclipe ilustra isso melhor que mil palavras.
Titãs – Epitáfio
Epitáfio tinha tudo para ser uma dessas faixas que entram para o cancioneiro popular de toda uma geração, mas, mesmo todo mundo sabendo cantar seu refrão, é até engraçado pensar que alguém citaria a música como sua favorita, mesmo ela tendo sido uma das mais tocadas no país quando saiu. Olhando agora, o pós-11 de setembro era um terreno fértil para uma canção que trata com uma melancolia doce o tema da morte. Em meio a tanta tensão, servia como um alívio que não ignorava o espírito da época. Ironicamente, morreu ali mesmo.
Sandy & Junior – Love Never Fails
Lembra quando os irmãos Sandyjunior gravaram em inglês para serem item de exportação? Parece algo que eles gostariam de ter esquecido também, ainda mais com uma música feel good tão insossa, com coreografia genérica e adornada por um violão latino para situar a dupla geograficamente (?). Fez sucesso? Sim, no Disk MTV e rádios pelo país, como tudo o que os dois lançavam na época. Só isso.
Os Tribalistas – Já Sei Namorar
Três nomes de vertentes distintas na música brasileira, com aval da crítica, decidem brincar de fazer música pop em um projeto autorreferencial e diluidor do que estava acontecendo no país no momento em termo de música eletrônica. Com amplo amparo da grande mídia, ao lado de um medo generalizado que as pessoas tinham de criticar o trio, fomos obrigados a engolir versos do nível de “Já sei beijar de língua/Agora só me resta sonhar”. Que bom que não teve futuro.
Creed – My Sacrifice
Lançada no finzinho de 2001, My Sacrifice teve vida longa no ano seguinte nas rádios do país, firmando Creed como uma das últimas grandes bandas do tal do pop rock enlatado pelas grandes gravadoras, aquele que se deu tão bem na década anterior. Creed não sabia que o mundo estava prestes a mudar com uma grande crise e que esse formato perderia espaço muito em breve, mas lucrou tanto quanto podia com a balada grandiosa e melodramática. Destaque para o clipe caríssimo gravado no parque Universal Studios na Flórida – um lembrete da ingenuidade que insistia em conquistar o público pelo faz-de-conta.
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