m-v-f- 2016: O Clipe em Diálogo
“O clipe é hoje tão atrelado ao mundo digital, ao YouTube, cada um vê sozinho, que juntar um pessoal em um espaço físico para assistir a clipes e falar sobre isso é legal pra caramba”, contou Gabriel Basile, da banda O Terno ao Música Pavê nos bastidores da edição de 2016 do Music Video Festival, ou m-v-f-. Mais do que a experiência social ao ver os videoclipes, o evento colocou a produção deles em pauta mais uma vez através de debates e de formas de consumo e recepção diferentes das mais populares de hoje em dia – ou seja, pela Web.
O MPavê esteve presente no sábado, 13 de agosto, primeiro dos dois dias de evento no Museu da Imagem e do Som (MIS) em São Paulo, uma tarde que começou em altíssimo nível com a exibição do filme The Odyssey, que o cineasta Vincent Haycock fez para os clipes de Florence + The Machine. Com duas sessões cheias, a experiência mostrou-se tão proveitosa que “será estranho vê-lo novamente no YouTube”, como comentou o diretor convidado Ninian Doff (participante de debate no dia seguinte), “é uma obra lindamente iluminada, é cinema puro. Fica muito bem vê-la na tela grande como um filme de 45 minutos”.
No mesmo cinema, foram exibidos também os videoclipes concorrentes na premiação do festival. O telão, porém, não era a única maneira diferente de ver clipes que o m-v-f- ofereceu desta vez, tendo também experiências de realidade virtual e interatividade com clipes, além de mash ups na área comum do evento, o que servia sempre como um ótimo aquecimento para os pequenos shows ao longo do fim de semana.
Dos pequenos bate papos que vimos no sábado, houve um com O Terno e Noporn, no qual foram apresentados vídeos como Ai, Ai, Como Eu Me Iludo (que, por ter um processo bem complicado de criação, demorou dois anos para ser feito) e Culpa, com a presença dos diretores ao lado da banda paulistana. Já Noporn nos contou sobre a volta da dupla e como rolaram os clipes de Tanto e Cavalo. O bate-papo nos deu a oportunidade de ouvir duas bandas completamente diferentes, mas com trabalhos igualmente bem elaborados. Ambos os artistas também se apresentaram na área externa do MIS e souberam envolver o público com suas músicas.
Silva também levou seus vídeos para o telão e, durante o seu debate, nos mostrou É Preciso Dizer, Imergir, Eu Sempre Quis, Volta e Feliz e Ponto, e nos contou um pouco sobre o processo de cada um deles. Cada videoclipe acabou revelando um lado diferente do músico e nos mostrou uma evolução em sua carreira. Ele ressaltou o quanto é tímido e, por isso, não curte muito aparecer em seus clipes, mas, durante a exibição, vimos que cada vez mais ele vem aparecendo e tentando superar a timidez. Foi legal perceber o esforço do músico e a honestidade dele durante toda a conversa, pois falou abertamente sobre o que gostava e não gostava nos clipes e, ao mesmo tempo, nos contou um pouco sobre o trabalho que existiu em cada um dos vídeos exibidos.
Com saldo positivo, o primeiro dia mostrou a relevância do Music Video Festival como um espaço onde podemos celebrar a importância dos videoclipes no universo da música e em seu espaço no mercado de hoje, que realiza produções de alta qualidade dentro e fora do Brasil. “Acho que talvez o VMB fosse o lugar que tinha isso em foco, a gente moleque gostava de ver quais os clipes concorrentes”, comentou Tim Bernardes, “dos que estavam concorrendo na premiação, alguns eu não conhecia e são ótimos”, ao que Basile completa: “se não tivesse um evento desses, a gente acabaria até conhecendo esses vídeos, mas demoraria mais”.