Hollywood sempre esteve de braços abertos para a música brasileira – não dá nem pra contar o número de filmes em que já ouvimos alguma bossa nova, por exemplo. Quando o país da Copa vira não apenas cenário, mas também um personagem por si só na produção, as regras do jogo mudam e quem dá o ritmo é o som genuinamente tupiniquim. Foi assim na animação Rio (2011) e também, como não podia deixar de ser, em Rio 2, que chega nesta semana em DVD e Blu Ray em todo o país.
Assim como no primeiro filme, o compositor/instituição Sérgio Mendes convidou Carlinhos Brown para trazer sua percussividade e seu conhecimento dos sons propriamente brasileiros para criar músicas que carregassem nossa identidade de forma icônica para os estrangeiros. Vale lembrar que Brown não é nenhum estranho para Hollywood (ou você já se esqueceu da surpresa de ouvir (e ver) A Namorada em Velocidade Máxima 2?).
Neste vídeo, exclusivo no Brasil para o Música Pavê, o diretor Carlos Saldanha comenta a escolha de ter o músico na trilha.
Além de Brown e figurões quase históricos como Sérgio Mendes e Milton Nascimento, o produtor John Powell e a equipe de Rio 2 ficaram atentos também a nomes recentes que já se consagraram como embaixadores da sonoridade brasileira de forma criativa e não-convencional. É o caso de Barbatuques.
“Tivemos uma primeira conversa por telefone”, comenta Renato Epstein, “eles nos contaram que, em uma vinda ao Brasil, na busca por sonoridades que pudessem representar de forma original os ritmos brasileiros, chegaram ao grupo Barbatuques”. Sua Baianá era referência para a cena em que Jade reencontra sua família, então a banda compôs cinco músicas especialmente para o filme e três delas entraram na trilha, incluindo a faixa que toca no trailer, Beautiful Creatures.
Além das três faixas, Barbatuques contribui com muitos sons corporais “para criar o ambiente da Amazônia”, conta Epstein. André Hosoi, outro integrante do grupo, comenta: “Como trabalhamos com o corpo como instrumento, há uma unificação da linguagem independentemente do idioma que se fala em determinado país” – fator que já levou a banda para se apresentar nos mais diversos países (Alemanha, China, Rússia, Líbano, Turquia e Peru, entre vários outros) e que certamente contribui para uma aceitação maior da trilha, já que trata-se de um filme com projeção global.
Mais do que isso, é a identidade musical brasileira sendo propagada em um ano em que o país já esteve sob os holofotes, por causa da Copa do Mundo. “Acredito que há sempre apreciadores e um mercado para a música orgânica”, diz Hosoi, “com as trilhas recentes, como a do Rio 2, nosso trabalho acaba sendo conhecido por um outro público, aqui no Brasil e também lá fora. Ficamos muito realizados com isso pois são, neste caso, crianças e pais que entram em contato com a linguagem simples e direta da música corporal brasileira”.