Entrevista: The Maine

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The Maine surgiu em 2007 e continua fazendo música até hoje. Mesmo sem ser totalmente conhecida no Brasil, depois de lançar cinco álbuns durante a carreira, seu DVD Anthem of a Dying Breed foi gravado no país há dois anos.

Os cinco meninos de Arizona já passaram por várias dificuldade nesses sete anos, mas isso não afetou a banda negativamente. Eles decidiram sair da Warner Brothers Records depois que sentiram algumas diferenças lá dentro e hoje estão gravando tudo sozinhos, dentro da empresa que criaram para ajudar a estimular a criatividade de músicos, fotógrafos e produtores. A iniciativa se chama 8123 (inspirado em uma de suas músicas antigas) e lá, dentro do escritório, montaram um estúdio para poderem continuar gravando músicas da maneira que acharem melhor.

A banda começou com um estilo mais pop, algo que fazia mais sucesso entre os adolescentes, quando começaram a carreira, mas com o tempo percebeu que aquele não era exatamente o tipo de som que queria fazer e acabou evoluindo positivamente desde os primeiros álbuns. É uma banda que com certeza vale a pena dar uma ouvida, e os caras estão vindo aqui para o Brasil pela terceira vez. Vão fazer shows nos dias 2, 3, 4, 6 e 7 de Maio no Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Curitiba. Tivemos a chance de bater um papo legal com John Oh, vocalista da banda.

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Música Pavê: Vocês decidiram abandonar a gravadora para seguir como uma banda independente. Como isso tem afetado a banda? Vocês se sentem mais no controle?

John Oh, da The Maine: Nós estamos no controle. Teve um momento em que nós acabamos confiando demais em outras pessoas e esquecemos o que nos trouxe até aqui.  Agora é a hora de trabalhar duro como um grupo e  melhorar nas coisas que temos sorte de ainda poder fazer: Escrever e tocar música.

MP: Quando ouvimos os álbuns antigos, dá para perceber uma diferença entre eles. Não só nas letras, mas nos instrumentos também. Sinto que a evolução foi extremamente positiva e parece que a banda finalmente está no caminho que sempre desejou estar. As novas músicas tem um pouco mais de rock e são mais “cruas” ou “pessoais”. Você acha que ter saído de uma gravadora ajudou essa evolução a ser mais rápida?

John: Eu acredito que a liberdade que nós temos fora da gravadora está diretamente relacionada com a evolução da banda. Nós estamos tomando os passos que achamos necessários para nos sentirmos confortáveis como uma banda e achamos importante sempre nos representar como aquilo que imaginamos ser em cada momento. Foi difícil sermos expressivos e verdadeiramente criativos enquanto sob o domínio de pessoas com ideias diferentes das nossas sobre o que somos como pessoas e como grupo.

MP: Os fãs ficaram muito felizes quando vocês finalmente lançaram o álbum acústico. Quão diferente foi o processo de criação comparado com os álbuns anteriores? Acharam mais fácil ou difícil?

John: Nós gravamos o EP sozinhos em Phoenix, só isso já foi diferente de qualquer outra coisa que fizemos anteriormente como banda, no que tange a gravação. Foi uma ótima oportunidade para tentarmos gravar algumas músicas e, ao mesmo tempo, mostrar um lado diferente das nossas composições, que pode abrir novas portas artisticamente. Com certeza foi mais difícil, mas este esforço de experimentar coisas novas só nos torna melhor.

MP: Imaginary Numbers foi gravado em um estúdio que vocês mesmo montaram dentro do escritório 8123. Como vocês se sentem sabendo que fizeram um álbum completamente sozinhos e dentro de um estúdio feito por suas próprias mãos?

John: É encorajador, considerando tudo que passamos como banda – altos e baixos, gravadoras indie, gravadoras grandes etc.- e mesmo assim nós ainda temos a oportunidade de criar músicas que as pessoas gostam sete anos depois. Isso é o que nos mantém trabalhando tão duro e o que nos deixa tão otimistas para o futuro: a oportunidade que ainda temos tantos anos depois.

MP: Se não me engano, vocês não gravaram Forever Halloween e Imaginary Numbers digitalmente. Por que decidiram trabalhar deste modo? Foi pela qualidade do som, a experiência ou algo completamente diferente?

John: Uma junção de tudo o que mencionou. Brendan Benson (produtor de Forever Halloween) foi o catalisador que não só colocou a ideia em nossas cabeças, mas também nos deu a confiança para trabalharmos desse modo. O passado pode nos ensinar muita coisa e nós temos sede por este aprendizado.

MP: John, eu vi que você não só escreve as músicas para a banda, mas também escreve poesias no seu tempo livre. Quão diferente é o processo de compor e fazer poesia? Os autores ou livros que você lê influenciam na hora da criação?

John: A maiorias das poesias que escrevo são prosa. Na verdade, mais como um diário, versos livres que me ajudam a clarear a cabeça. Autores, poetas e artistas com certeza inspiram músicas e poemas que escrevo. Afinal, alguém provavelmente já falou o que você está pensando de maneira mais eloquente, mais concisa ou, no mínimo, falou antes.

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MP: É fácil perceber o quanto vocês amam e apreciam os seus fãs. É difícil encontrar bandas que não gostam de ser colocadas em um pedestal e que, na verdade, gostam de ouvir e aproveitar a experiência junto ao público. Algum de vocês já tiveram alguma experiência com um artista que influenciou o modo como enxergam o conceito de “fã”?

John: Eu acho que fazer parte da banda tornou claro o que é ser humano. Artistas, atores, médicos, professores, nós somos todos seres humanos. Ninguém é mais ou menos importante do que o outro e isso é algo que nós queremos transmitir tanto pelas nossas músicas, quanto pelas nossas atitudes. Não crie ídolos, os desconstrua.

MP:  A banda tem crescido muito desde que começou e, obviamente, o número de fãs aumentou pelo mundo todo. Como vocês lidam com a comunicação entre os velhos e novos fãs? E como lidam com pessoas que são um pouco mais obsessivas e acabam invadindo sua privacidade?

John: Por conta da relação que temos com pessoas pelo mundo, é importante nós sermos acessíveis para aqueles que não conseguem nos ver nos shows. Dito isso, também é muito importante que entendam que a pessoa que você é pelo computador, Facebook e iPhone não é realmente você. Faço questão de transmitir este pensamento durante alguns de nossos shows. Interações físicas significam muito para mim, especialmente neste mundo “conectado”’ em que vivemos.

MP: O nosso site fala sobre qualquer coisa relacionada a música, mas somos conhecidos por fazer resenhas de videoclipes. Vocês curtem gravar vídeos? Pretendem lançar mais algum clipe do novo álbum?

John: Pessoalmente, gosto de gravar clipes quando envolve alguém como Daniel Gomes. Ele é um artista e diretor que cria sua própria visão depois de ouvir uma de nossas músicas e, consequentemente, desenvolve uma interpretação visual relacionada à canção. Nós estamos planejando gravar alguma coisa para o álbum Forever Halloween em breve e tenha certeza de que será da mesma qualidade que os vídeos mais recentes.

MP: Eu já fui em alguns de seus shows e posso facilmente dizer que a sua paixão por música é visível durante a performance. Vocês estão sempre tentando trazer coisas novas ao palco, montando setlists diferentes e até mudando o som de algumas músicas. Como vocês decidem o que vão tocar e apresentar ao público?

John: Há uma linha tênue quando estamos montando o set. Hoje em dia, nós temos muito material para escolher, o que torna tudo mais fácil e mais difícil ao mesmo tempo. Nós também frequentamos shows e sabemos o quanto é chato não ouvir a música que tanto queríamos, então sempre ficamos com isto em mente quando vamos montar o nosso setlist. Nós também queremos nos sentir estimulados pelo o que estamos tocando, então as vezes nós mudamos músicas antigas para caber no nosso espirito naquele momento.

MP: Antes de virem para o Brasil, vocês pediram aos fãs votarem nas músicas que gostariam de ouvir nos shows. Isto é algo que pretendem fazer mais vezes?

John: É algo que nos ajuda criar um setlist diferente. Também ajuda as pessoas a se sentirem parte da experiência. Não é algo que fizemos no passado, mas com certeza usaremos isso no futuro!

MP: O DVD Anthem of a Dying Breed foi gravado aqui no Brasil dois anos atrás. Como vocês se sentem finalmente voltando?

John: Honestamente, nós estamos extremamente empolgados. Faz muito tempo que fomos ai e estamos preparados para deixar tudo no palco. Vai ser insano.

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