Dossiê: Rodrigo Amarante
Rodrigo Amarante lançou seu primeiro álbum solo e não decepcionou a meninada, e há quem diga que, da sua melancolia musicada, testemunhamos o melhor trabalho do ano. Contudo, outros preferem descruzar essa avenida, sair de fininho alegando cansaço por tanta lentidão mostrada em Cavalo. As opiniões definitivamente emaranham pontos de vistas diferentes, mas se encontram no que diz respeito à espera. Isso já que o ruivo Hermano, desde outrora de sua banda consagrada, mantém grande número de seguidores e, dentre suas potencialidades, ganha como destaque as diversas comparações com outros nomes da música e as rotulações que colocam o moço como a última bolacha do pacote da nova geração da MPB (se é que isso existe mesmo).
Porém, nem sempre os direcionamentos apontaram para esse lado em que sua arte está agora. O músico foi crescendo gradativamente e, consequentemente, o seu talento também. Indícios que tornam a sua trajetória interessante e as admirações se pontuam de uma forma natural.
Rodrigo estava presente quando Los Hermanos conquistou o Brasil com o hit Anna Júlia. Ali, ainda não tocava guitarra ou baixo e realizava poucas composições. Uma de suas primeiras músicas lançadas foi Onze Dias, de 1:44 de duração e presente daquele primeiro disco, e já ameaçava inserir o que viria a ser sua singularidade.
No segundo álbum do grupo, Bloco do Eu Sozinho, houve um salto de qualidade da banda inteira, sobretudo dele, que compôs o que na época foi considerada por muitos a melhor música do ano, Sentimental.
Um ano depois, houve a participação do conjunto no programa Luau MTV, no qual fez releituras de alguns sucessos da MPB e, com certeza, por meio de sua voz, muitas pessoas conheceram Esquadros, da cantora Adriana Calcanhotto.
Com o terceiro álbum, Ventura, ele ganhou mais destaque e começou a compor e cantar muito mais, frutos que consolidaram o seu nome e ainda de quebra rendeu a pérola Último Romance. Música de muitos casais apaixonados.
No quarto disco, 4, definitivamente as suas composições já encaminhavam para uma estética refinada e mostravam o caminho que percorreria dali para frente. Os Pássaros mostra isso, olha o seu passado, indica coisas novas, deixa dúvidas, porém deixa claro o quanto a sua escrita evoluiu.
Após o recesso por tempo indeterminado dos Hermanos, Amarante entrou para o projeto Orquestra Imperial, uma big band que reuniu alguns nomes da música brasileira com intuito de cantar novos e antigos sucessos do samba. A sua composição O Mar e o Ar esteve presente no registro Carnaval só Ano que Vem.
Participou de Rosa, música de Devendra Banhart, que viria a se tornar o seu grande parceiro e influência musical.
Se mudou do Brasil e, ao lado de Binki Shapiro e Fabrízio Moretti, o baterista do The Strokes, criaram o projeto Little Joy, com composições em inglês. Ensaiava timidamente, mesmo que involuntariamente, uma trajetória internacional.
O cantor também já esteve presente no palco com grandes nomes da música brasileira, que vão desde Fernanda Takai, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Marisa Monte e Tom Zé. Além de escrever composições para outros, sendo uma das mais interessantes a que a ex-namorada Karina Carvalho canta com o grupo 3 na Massa, Tatuí.
É por ter tido tanta experiência que o seu nome, quando envolvido em algum projeto, sempre gera expectativa. De certa forma, pelas entrelinhas, enxergarmos todo o caminho passado pelo cantor até chegar ao seu primeiro trabalho solo. 2013 foi o ano de sua volta, foram os dias que trouxeram a certeza de que o seu canto ainda tem muito para comunicar.
Curta mais de Rodrigo Amarante e da série especial O Som de 2013 no Música Pavê